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Gerado sob o codinome "Projeto 198", o Fiat Bravo começou a ser produzido na Itália em janeiro de 2007, com desenvolvimento predominantemente virtual e reutilizando a nomenclatura do irmão de duas portas do Brava, que não chegou a ser comercializado oficialmente no Brasil, pois viria importado e o início de 1999 viu as cotações do dólar subirem absurdamente. Apesar do atraso considerável, o Bravo brasileiro incorporou novidades em automóveis nacionais, como o sistema Blue & Me Nav, teto solar Skydome e faróis de neblina com função "Cornering". A versão avaliada Blackmotion é novidade da linha 2015 e assume o lugar do antigo topo-de-linha aspirado Absolute, com diferenciais estéticos e motor 1.8 16v E.torQ.
O estilo "atrevido" do Blackmotion é reforçado pelas rodas aro 17'' (com pneus 215/45) herdadas da série Wolverine de 2013, além das faixas nas laterais. Estes detalhes o tornam significativamente mais atraente que a versão de entrada Essence, ainda que os adornos cromados no para-choque, o logotipo "Bravo" acima do escudo da Fiat e o aplique preto-brilhante integrado à grade sejam elementos destoantes do design original.
Alguém pode estar pensando: "um carro com sobrenome 'Blackmotion' pintado na cor prata?". As coisas começam a fazer sentido ao entrar no Bravo: painel, bancos, revestimentos das portas, tapetes, pedais e até o forro de teto são pretos; para arrematar, "nosso" Bravo ainda trazia películas escurecedoras de vidro em 50% (algo raro em carros destinados à imprensa). Pena que o calor de Teresina, onde já estamos entrando no período do "b-r-o-bró", invade sem licença a cabine.
Internamente, o Bravo se destaca por uma atenção ao acabamento que deixaria modelos como o Focus SE Plus corados de vergonha. O painel possui textura macia e não foram encontradas rebarbas ou desníveis. O volante possui comandos de som e telefonia nos raios do volante (contando ainda com comandos-satélite do controlador de velocidade de cruzeiro, na parte esquerda-inferior), além de ter boa empunhadura, mas conosco não ajustou em profundidade (apenas altura). Seu quadro de instrumentos traz instrumentos circulares de fácil leitura e uma pequena tela monocromática do computador de bordo, que apresenta autonomia, distância/tempo/consumo nas Trips A e B (informações também exibidas no Uconnect), estação de rádio, marcha engatada, modo do câmbio e alertas. Só fez falta o velocímetro instantâneo, pois o medidor analógico está à esquerda, significativamente fora do campo de visão do motorista.
Os bancos de couro, que na dianteira trazem o logotipo da versão, apoiam bem o corpo. Os forros das portas também trazem o revestimento em couro. O motorista tem à disposição o ajuste de altura, e o passageiro da frente pode guardar pequenos objetos em uma miniatura de porta-luvas abaixo de seu assento. Quem senta atrás possui um descansa-braço central que esconde um porta-copos retrátil (bem que poderia haver uma tira de tecido para facilitar sua abertura), porta-revistas no verso dos bancos da frente, e dentro do apoio de braço frontal ajustável há um nicho climatizado circular, para garrafas de aproximadamente 600 mL: uma boa sacada para manter a temperatura de bebidas.
O sistema multimídia Uconnect matou nossas saudades do Renegade, trazendo interface gráfica levemente diferente do utilitário (parecida com Punto e Linea, porém não 100% igual), mas com recursos praticamente idênticos: GPS TomTom, tela sensível ao toque de 5 polegadas, entradas USB e auxiliar, Bluetooth, computador de bordo, gerenciamento de funções... Uma das falhas que relatamos no Jeep - a falta da sincronização da barra de tempo das músicas executadas por Bluetooth - não se manifestou no Fiat. Também houve uma compreensão melhor dos comandos por voz. Porém, a resolução da câmera de ré (que fica logo abaixo do escudo da montadora) é significativamente menos nítida, especialmente à noite. O Bravo rebate ao oferecer sensores de estacionamento não só na traseira, como também no para-choque dianteiro (opcional), com apitos em tons diferentes.
O Bravo traz, ainda, sensores de chuva e de luminosidade, rebatimento e ajuste elétrico dos retrovisores externos, alarme, para-brisa degradê, faróis de neblina que acompanham o movimento do volante, espelho interno eletrocrômico, alerta de velocidade programada, protetor de cárter, apoio de pé para o motorista e regulagem de inclinação do encosto dos bancos dianteiros por roldana.
O porta-malas, que tem a tampa destravada pela chave ou dando um toque na parte vermelha do símbolo da Fiat, acomoda a boa capacidade de 400 litros, com duas fendas para puxar a tampa, carpete envolvendo a "embalagem" do triângulo de sinalização, iluminação à esquerda, rede para acomodação de cargas e um estepe de ferro de modelo e medidas diferentes dos outros pneus (Pirelli Cinturato P7 205/55 aro 16'') - daí o alerta para se rodar a no máximo 80 km/h. Bipartido, o encosto do banco traseiro, ao ser rebatido, libera 1175 litros de capacidade até o teto.
Em termos de segurança, o Bravo Blackmotion traz 7 airbags (frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do motorista), cintos de segurança frontais com ajuste de altura (e fechos inclináveis), encostos de cabeça ajustáveis e cintos de 3 pontos para os cinco ocupantes, sistema ISOFIX de acomodação de cadeirinhas infantis, freios a disco nas quatro rodas (ventilados na dianteira) com ABS e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), além do FPS (corte do combustível e destravamento das portas em caso de acidente). Os resultados dos crash-tests realizados pelo Euro NCAP no Fiat europeu foram de 5 estrelas de proteção aos ocupantes adultos e 3 estrelas de proteção a crianças em cadeirinhas infantis.
Ao alternar para o modo manual (sem intervenção do software nas mudanças, embora possa alertar "manobra não consentida" quando a marcha selecionada não é ideal), as aletas atrás do volante para trocas de marcha sequenciais deixam a experiência mais divertida. No modo automático, curiosamente ao pisar comedidamente no acelerador, o sistema entrega mais agilidade do que pressionando o pedal até o fundo, o que não é lá muito coerente...
A proposta do Dualogic é oferecer a comodidade de dirigir sem trocar marchas a um custo inferior ao do câmbio automático com conversor de torque, sendo atualmente oferecido nos Fiat Uno, Palio, Grand Siena, Strada, Idea, 500 (que tem a versão Cabrio automática de 6 marchas), Weekend, Punto e Linea. A aceitação ao sistema foi superior à tentativa anterior de eliminar a embreagem com o Palio Citymatic, lançado no fim de 1999 e que tinha trocas de marcha manuais, e foi retirado do mercado pouco tempo depois.
Mas os câmbios adotados por Golf e Focus também são tecnicamente automatizados, certo? Sim, porém contam com duas embreagens, fazendo com que a marcha a seguir seja pré-engatada, o que garante suavidade próxima aos automáticos tradicional - e ainda assim, diversos relatos pela internet põem em discussão a confiabilidade dos câmbios DSG (VW) e PowerShift (Ford). Apertando o botão do modo Sport do Bravo, as trocas ficam levemente mais esportivas, e a direção também se torna mais rígida.
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Apesar de ter um bom isolamento acústico, o Bravo gosta de fazer barulho: ao abrir a porta, um rangido indica que o Dualogic está sendo inicializado; além disso, o som do motor em marcha-lenta após certo tempo de funcionamento lembra o de turbinas de avião! Nada ensurdecedor, porém.
"Nosso" Bravo é uma unidade 2014/2015, e enquanto era finalizada esta matéria, a Fiat apresentou sua linha 2016, com reajustes de preço. Sem opcionais, a versão Blackmotion custa R$ 71 570, mas para ficar igual ao modelo avaliado, é preciso acrescentar pintura metálica (Prata Bari, R$ 1450), Pack Safety (por R$ 3806, incorpora airbags laterais, de cortina, para os joelhos do motorista e encostos de cabeça dianteiro que minimizam o "efeito-chicote" de colisões), câmbio Dualogic com aletas no volante (R$ 3528) e Kit Creative Top (por R$ 3635, acrescenta câmera de ré, espelho interno eletrocrômico, sensor de estacionamento dianteiro, sistema de som com subwoofer, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, além dos sensores de chuva e luminosidade), chegando ao preço final de R$ 83 989.
O valor é similar ao do Golf Comfortline com câmbio DSG e pintura metálica (R$ 83 292), enquanto o Focus com lista de equipamentos equivalente (Titanium 2.0 Powershift) custa R$ 86 900, e o Cruze Sport6 LTZ (1.8 com câmbio automático de seis marchas) é tabelado em R$ 87 750.
Design = 8,5
O novo visual deu um toque de atualidade ao Bravo, mas detalhes como os frisos cromados no para-choque dianteiro e a boca central não harmonizam muito com o restante da elegante carroceria. Ainda assim, faz bonito entre a galera jovem.
Espaço interno = 8,5
Quatro adultos e uma criança conseguem se acomodar bem, com espaço farto para as pernas e suficiente para a cabeça. O meio do banco traseiro naturalmente possui espaço mais acanhado. O porta-malas possui boa profundidade e usabilidade.
Conforto = 8,5
Tem função City para tornar o volante mais leve, suspensão que absorve bem as irregularidades e um sistema de som ótimo, mas o câmbio Dualogic e suas indecisões nas trocas de marcha (quando no modo automatizado) interferem significativamente na tranquilidade ao rodar.
Acabamento = 9,0
Aqui, o Bravo se equipara ao badalado Golf VII e entrega arremates e materiais de qualidade que satisfazem aos mais exigentes nesta categoria, com discrição em suas cores. O aspecto geral dos componentes é de boa durabilidade, embora os detalhes em preto-brilhante acumulem manchas de dedos no dia-a-dia.
Equipamentos = 9,25
Para um modelo desta faixa de preço, a lista de itens é recheada: ar-condicionado com duas zonas de temperatura, central multimídia com GPS e câmera de ré, sensores de chuva, de estacionamento e de luminosidade, porta-garrafas refrigerado... o único item que está disponível e não veio nesta unidade é o teto solar elétrico Skydome (e vinculado a ele, o ajuste de altura do banco do passageiro).
Desempenho = 8,0
Manso em rotações baixas, o Bravo embala bem após médias rotações, tendo torque suficiente para retomadas de velocidade e boa estabilidade, a despeito dos 1411 quilos. Mas o modo Sport poderia interferir mais diretamente no desempenho - ou a exemplo do Punto Blackmotion, que também traz o motor 1.8 16v combinado ao câmbio Dualogic, seria interessante estar disponível o seletor de modos de condução DNA (Dinâmico, Normal e Autonomia).
Segurança = 9,0
Com 7 airbags, cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para todos, freios a disco o Bravo deve os controles eletrônicos de tração e estabilidade, que garantem maior controle em situações adversas e estão sendo aplicados em modelos de entrada, como Ka e up! TSI. Apenas o T-Jet dispõe destes recursos de segurança e do Hill-Holder, que não deixa o carro descer segundos após o freio de mão ser liberado.
Consumo = 7,0
No início dos trajetos, o consumo era digno de Camaro (leia-se algo inferior a 5 km/l), mas com o passar dos dias foi melhorando até chegar aos razoáveis 8 km/l na cidade com gasolina, algo esperado considerando o peso da carroceria superior a 1400 quilos e a concepção do motor.
Custo-benefício = 7,5
Quem tem Punto ou Linea vai dar um bom upgrade ao passar para o Bravo, mas dentro de seu segmento, Golf e Focus são rivais tão equilibrados e consagrados que é até difícil imaginar o consumidor entendido de automóveis abrir mão de um dos dois para escolher o Blackmotion (o T-Jet até seria uma opção para os que gostam de acelerar). Atualmente, o custo-benefício do Bravo é superior ao do Cruze Sport6 (que encareceu significativamente nos últimos meses), só que com todos os itens o Fiat encarece consideravelmente, mas permanece aquém da tranquilidade esperada de um carro automático.
Nota Final = 8,4
As notas são atribuídas considerando a categoria do carro analisado, os atributos oferecidos pelos concorrentes, além das expectativas entre o que o modelo promete e o que, de fato, oferece. Frações de pontuação adotadas: x,0, x,25, x,5, x,75. Critérios - Design = aspecto externo. Espaço interno = amplitude do espaço para passageiros (dianteiros e traseiros) e bagagem. Conforto = suspensão, nível de ruído, posição de dirigir, comodidades. Acabamento = atenção aos detalhes internos. Equipamentos = itens de tecnologia e conforto, sejam de série ou opcionais. Desempenho = aceleração, velocidade máxima, retomada, handling e outros fatores. Segurança = itens de proteção ativa e passiva. Consumo = combustível gasto e autonomia. Custo-benefício = relação de vantagem entre o preço pago e o que o carro entrega.
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