A curiosa trajetória da Bitter Cars



Estabelecida pelo engenheiro Erick Bitter (1933) em Schwelm (Alemanha), a Bitter Automotive GmbH foi fundada em 1971, após experiências por empresas como NSU, Abarth, Intermecchanica e, a relação mais bem-sucedida, com a Opel. Ainda nos anos 1950, Erick pretendia seguir a carreira de ciclista profissional por influência de seu pai, dono de uma loja de bicicletas, mas abandonou os planos por problemas de saúde. Durante a década de 1960, também correu em Targa Florio e Nürburgring, sofreu três acidentes graves, porém usou as experiências para desenvolver com a DuPont o tecido anti-inflamável Nomex.


O primeiro modelo, o Bitter CD Coupé, foi apresentado como carro-conceito no Salão de Frankfurt de 1969 - trazendo forte DNA da GM, mais especificamente do Opel Diplomat. O Opel "Styling CD" recebeu adaptações para, em 1970, ser apresentado como "Frua GT", praticamente pronto para a produção em série.



O CD de produção foi apresentado em 1973 (justo o ano da Crise do Petróleo...), o que fez com que, apesar dos muitos pedidos iniciais, a meta de 200 unidades anuais nunca fosse alcançada. O motor 5.4 V8 era de origem Chevrolet, com carburador Rochester Quadrijet e 230 horsepower. Tinha desempenho respeitável na época: acelerava de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos e alcançava 210 km/h. Em 1974 foram comercializadas 99 unidades. Até o fim de sua produção, em 1979, foram fabricados 395 carros e 5 carrocerias incompletas.



Sem se dar por vencida, em 1979 a Bitter apresentou um novo modelo: o SC, apresentado primeiramente como cupê; em 1981 chegou o conversível, e em 1984, o sedan. As linhas tinham um quê das Ferrari 365/400/412 de quatro lugares, com os faróis escamoteáveis, os longos balanços dianteiro/traseiro e os vidros acompanhando as curvas da capota.



A partir de 1981, quando foi apresentado o SC Convertible, o cupê passou a estar disponível com tração nas quatro rodas, aplicada também ao Opel Senator. Aliás, a mecânica era a mesma do sedã de luxo alemão: motor 3.0 de seis cilindros em-linha com 177 horsepower ou 3.9 que rendia 210 HP e câmbio manual de 5 marchas. Com o propulsor mais potente, acelerava de 0 a 100 km/h em 8,2 segundos e chegava a 230 km/h. Os modelos da Bitter passaram a ser comercializados nos Estados Unidos em concessionárias seletas.



Apenas 5 unidades do Bitter SC Sedan foram produzidas, ante 22 conversíveis e 461 cupês. A produção foi encerrada em 1989.


A Bitter apresentou paralelamente outros projetos baseados em carros de série da General Motors: Bitter-Blazer (1976), um pacote visual mais classudo para o utilitário; além dos pequenos esportivos Rallye GT (1984, com base no Opel Manta GT) e Type 3 (1987, 1989 e 1991), este último um projeto de 2+2 com a plataforma do primeiro Omega que fracassou ao tentar retornar ao mercado norte-americano.



Na década de 1990 foram apresentados o Tasco (1991, acima), ousado mocape apresentado no Salão de Frankfurt que em tese poderia abrigar motores de V8 a V12 e foi feito em conjunto com a MGA Developments; GT1 (guardava inúmeras semelhanças com o Lotus homônimo), e Berlina (1994), esportivo que se utilizava da plataforma do Opel Omega, abusando da criatividade ao usar os faróis escamoteáveis na frente e as lanternas do Calibra atrás, mas que não foi produzido por problemas financeiros.




No ano de 2003, o CD "reencarnou" incorporando o sobrenome "II", com base no Holden Monaro e estilo de personalidade distinta, mas ainda que fosse apresentado várias vezes e especulado para ser produzido (com motor de 12 cilindros em W!), não passou de conceito.


Em 2007, a Bitter apresentou o Vero - baseado no Holden Caprice, que era a versão de entre-eixos alongado do Commodore (que, por sua vez, foi exportado como Chevrolet Omega para o Brasil, entre 2007 e 2012). O Vero tinha opções de motor 3.6 V6 de 265 cavalos, 6.0 V8 de 365 cv, 6.0 com compressor e 550 HP ou 600 horsepower, com câmbio automático de seis marchas (ou manual no caso do mais potente). Visualmente, diferenciava-se por componentes desenhados pela Bitter: capô, grade, para-choques, tampa traseira e rodas aro 20''. Por dentro, esbanjava revestimentos de couro e trazia duas telas de DVD para os ocupantes de trás. No Salão de Genebra de 2009, a Bitter apresentou o Vero Sport, equivalente ao VE Commodore SS. O modelo deixou de ser oferecido em 2012.



A partir de 2010, a Bitter apresentou seu projeto para o Insignia, tanto Sports Tourer (acima) quanto Sedan. Com estilo mais agressivo e acabamento interno aprimorado, o valor da transformação superava o preço do modelo de série em quase 25 mil euros, com base na versão 2.8 V6 Turbo, com 260 horsepower e tração nas quatro rodas.

Fotos | http://www.erich-bitter.de/, http://www.bitter-cd.eu/

Comentários

Xracer disse…
Excelente post !
Não conhecia a história dessa empresa, bonitos e interessantes automóveis !
Ameiiiiii de montão... um mais lindo do que o outro os carros multimarcas.