Nos últimos anos a frota brasileira de veículos, além de aumentar pela grande expansão do mercado interno, passou por rejuvenescimento. Mas essa tendência começou a ser revertida no ano passado, quando as vendas declinaram 9%, incluídos veículos leves e pesados. Segundo estudo do Sindipeças, a idade média de toda a frota circulante de 41,5 milhões de unidades (não confundir com os números irreais do Denatran) passou de 8 anos e seis meses em 2013 para 8 anos e 8 meses em 2014. Em 2007, por exemplo, os veículos em circulação tinham em média 9 anos e dois meses.
Em um país que não implantou um programa nacional de inspeção técnica veicular uma frota mais nova ajuda em termos de segurança, pois teoricamente compensa, em parte, as falhas por falta de manutenção regular. A taxa de motorização do Brasil também parou de subir como antes. Desde 2004 o número de habitantes por veículo vinha melhorando entre 0,2 e 0,5 indivíduo por carro, anualmente.
No entanto, o índice de 5 habitantes/veículo de 2013 passou para 4,9 em 2014, indicando praticamente estagnação. Mesmo em países como Argentina e México esse índice fica em torno de 3,5 habitantes/veículo, o que comprova que ainda estão bem à frente em termos de população motorizada. Em termos globais estima-se que o planeta tenha, hoje, cerca de 6 habitantes/veículo. Nos EUA, esse indicador é de apenas 1,2 habitante/veículo.
Com o forte recuo da comercialização de veículos novos em 2015 – estimada entre 13% e 19% – o Brasil, além de continuar a ter sua frota envelhecendo, vai dar marcha à ré em termos de população motorizada. Assim, mesmo com índice de natalidade em baixa, mas ainda positiva (o País terá cerca de 205 milhões de habitantes no fim deste ano), nossa taxa de motorização deve piorar em vez de melhorar. Projeções otimistas feitas anos atrás indicavam que em 2015 se alcançariam 4 habitantes/veículo, mas o cenário aponta que o Brasil sofrerá um retrocesso para pouco mais de 5 habitantes/veículo.
O número de brasileiros com carro evoluiu extraordinariamente nos últimos 50 anos, quando existia apenas um veículo para cerca de 20 pessoas. E isso se deu pela combinação de aumento de poder aquisitivo e diminuição dos preços. Aliás, sempre que se reabre a velha discussão ao comparar preços no Brasil e no exterior, levanta-se argumento de que o carro lá fora é barato porque o comprador precisa de menor número de salários mensais para adquiri-lo. Isso é óbvio e se aplica a qualquer produto, sem influenciar na formação de preço porque qualquer bem tem um custo a ser coberto pela venda. Numa comparação extrema, um automóvel teria que ser vendido por um quinto do seu preço original em um país pobre da África, por exemplo.
No entanto, há outra comparação que pode ser feita. Em 1965, um Fusca 1200, automóvel mais barato à época, custava o equivalente a 83 salários-mínimos. Nos últimos 20 anos houve recuperação salarial importante, mas os preços caíram muito mais em razão do crescimento da escala de produção e da concorrência. Hoje, com o valor de um Fusca de 50 anos atrás dá para comprar quase um Corolla básico, por exemplo, cujo preço de tabela é pouco maior do que 83 salários-mínimos.
RODA VIVA
GENERAL MOTORS já resolveu a incompatibilidade entre sistemas operacionais para automóveis dos gigantes da telemática. Sua estratégia de integração total (inclusive Waze) com telefones inteligentes pelo MyLink já permite comunicação tanto com Car Play, da Apple quanto Android Auto, do Google. No Brasil chega ainda este ano.
ALGUÉM AINDA tem dúvida sobre o avanço dos motores de 1 litro de cilindrada e três cilindros? Na linha Fox 2016, lançada esta semana, motor de quatro cilindros de 1.000 cm³ foi substituído pelo três-cilindros/82 cv (etanol). No novo Gol, no início de 2016 também será assim e ainda no substituto do Mille, no próximo ano, a ser produzido em Betim (MG).
MERCEDES-BENZ seguiu a estratégia da BMW de antecipar motores turboflex para os atuais importados Classes A e B, além do GLA e do CLA. Motor de 1,6 litro entrega 156 cv e 25,5 kgfm, gasolina ou etanol, para melhorar o consumo relativo do combustível renovável. Sistema desligar-religar o motor em paradas funciona com etanol (nos BMW, não).
MAIS OPÇÕES de motores estão disponíveis no Audi Q3 2016. Além do 1,4 L turbo de 150 cv (será flex quando a versão nacional for lançada dentro de um ano), são duas escolhas no 2 L turbo: 180 cv e 220 cv. No total, cinco versões de acabamento. Há retoques nos para-choques, novos faróis de xenônio e lanternas traseiras com LEDs.
A PARTIR de outubro de 2016 (dessa vez não deve ter adiamento...) todos os pneus à venda no Brasil deverão ser etiquetados. Haverá anotações de eficiência energética para menor consumo de combustível, aderência em piso molhado e ruído de passagem. Fabricantes de pneus, porém, adicionam critérios próprios que chegam a 60, informa a Goodyear.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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