Top 10 de 2014: Você pagou tudo isso?


Fotos | Rafael Susae e Divulgação

Neste ano, os preços da grande maioria dos automóveis brasileiros se elevaram, mas alguns casos impressionam pelos valores descabidos, seja pelo fator novidade, seja para acompanhar a concorrência, seja aproveitando o embalo das boas vendas. Nossa lista poderia ser bem mais extensa, mas certamente adquirir quaisquer um dos dez modelos aqui elencados pelo preço de tabela representa grande desapego ao dinheiro e pelo custo-benefício.


10º lugar - Mercedes-Benz CLA 200 First Edition
: a série de lançamento do belo sedã com linhas inspiradas no CLS chegou em janeiro com motor e nível de equipamentos similares aos do Classe A, porém por preço superior ao do Classe C: R$ 150 500 na época. Com relação custo-benefício pouco interessante, o CLA sucumbiu ao rival A3 Sedan e, para tentar conquistar mais mercado, foi apresentado na versão Urban, mais barata... porém com menos equipamentos.



9º lugar - Ford Focus Sedan Titanium Plus: é verdade que esta versão traz tudo o que o Focus tem direito (sistema de estacionamento automático, câmbio PowerShift de seis marchas, central multimídia MyFord Touch com tela de 8 polegadas, seis airbags, faróis de xenônio e outros itens), mas pagar R$ 94 485 por um carro que será reestilizado em 2015 e não chega a ter qualidade de montagem primorosa exigida nesta categoria é de se pensar. O valor só não parece ainda mais absurdo porque o Fusion 2.5, antes bem próximo do Focus Sedan em preço, agora parte de R$ 104 000 na linha 2015.



8º lugar - Volkswagen Voyage Evidence: os 61 600 reais cobrados pelo sedan derivado do Gol trazem pouco retorno: é o único membro da família PQ24 que não traz o motor 1.6 16v nem na versão mais completa (diferentemente de Gol Rallye, Fox Highline, Space Cross, Saveiro Cross, CrossFox e SpaceFox Highline); o acabamento interno é de bom-gosto mas não chega ao nível de um Jetta, por exemplo. E as dimensões, valorizadas por compradores de sedãs nesta faixa de preço, são tímidas: porta-malas de 480 litros (o Cobalt leva 563 L) e distância entre-eixos de 2,46 metros (2,63 metros no Logan).


7º lugar - Porsche Macan S: existem categorias em que a atualidade do carro é muito relevante, como no segmento de utilitários esportivos: há quatro anos, os Volvo XC60 e BMW X1 eram as sensações; depois chegou o momento do Range Rover Evoque e, agora, do Macan. E a importadora soube aproveitar para inflar os preços do irmão menor do Cayenne: R$ 499 000. Meio milhão de reais pagam um bom utilitário e um bom esportivo. Ou mesmo um Cayenne...



6º lugar - Toyota Corolla Altis: em sua nova geração, o Corolla encareceu tanto que vários concorrentes se esforçaram para acompanhar a escalada de valores. É mais caro que o Focus Sedan completo (custa R$ 95 290), mas não traz controles de estabilidade, tração e de auxílio de partida em ladeiras... inclusive perdeu os faróis de xenônio com lavadores e o porta-luvas duplo que o Altis anterior trazia. O motor 2.0 de 153,6 cavalos associado ao câmbio CVT de sete marchas virtuais é encontrado na versão XEi; a mais que ela, traz faróis baixos e luzes de posição de LEDs, friso das janelas cromado, sete airbags, ajuste elétrico do banco do motorista, retrovisores rebatíveis eletricamente, luzes dos para-sois e entrada/partida sem inserção da chave. Apesar dos aumentos de preços em todas as versões, segue firme na liderança de vendas entre os sedãs médios.


5º lugar - Volkswagen CrossFox: o aventureiro urbano mudou para melhor, contando de série com o novo motor 1.6 16v de 110/120 cavalos, só que cobra caro por itens de segurança e comodidade: R$ 2039 pela cor Laranja Sahara (!!), R$ 3108 pelo rádio com tela sensível ao toque, R$ 2517 pelo teto solar... Completão, o CrossFox deixa a loja por R$ 75 091 - na faixa de preço das versões equipadas de Renault Duster e Ford EcoSport, estes com opção de tração nas quatro rodas. Quem diria que o projeto de baixo custo sobre a plataforma do recém-aposentado Polo teria, 11 anos depois, uma versão "off-road" mais cara que o aclamado Golf VII Comfortline. 



4º lugar - Fiat Strada Adventure Cabine Dupla: o preço do sucesso é cobrado em dinheiro para os consumidores: a versão Adventure, uma das mais populares entre os brasileiros, tem entre seus itens de série uma etiqueta de R$ 60 780 e dispõe de uma extensa lista de opcionais e pacotes (sistema Locker, sensor de estacionamento traseiro, bancos de couro, câmbio automatizado Dualogic, teto solar elétrico e Kits High Tech, Dark, Convenience), que somados, levam ao valor de R$ 76 479 - por um utilitário que transporta quatro pessoas e leva as tralhas na caçamba, mas devido ao porte compacto, não faz nenhuma das duas coisas muito bem. Uma Strada mais cara do que um Linea Absolute? A que ponto chegamos...



3º lugar - Kia Soul 2015: antes um carro com estilo fora do usual e com o apelo do custo-benefício, a nova geração almeja um status de exclusividade e prestígio digno do MINI Cooper ou Citroën DS3, sem no entanto trazer um propulsor à altura: o motor 1.6 16v Flex é o mesmíssimo adotado no Hyundai HB20 (ao menos o câmbio automático traz seis marchas - conjunto também disponível no sedan Cerato, por R$ 20 mil a menos). Se a estratégia de promover os modelos na novela global Império fizer Kia ser vista como montadora premium, os R$ 96 900 cobrados pela versão completa (excluindo frete) podem ser justificáveis para quem quer ser visto dirigindo um carro "antenado". Mas a moda passa rápido...


2º lugar - Chevrolet Prisma LTZ Automático
: mais um caso de ganância que consegue desmanchar o bom custo-benefício, estendido a grande parte da linha Chevrolet, a despeito de, entre os preços salgados que aparecem nesta lista, seja até o menos caro (R$ 58 900 na prática, R$ 59 860 na tabela). Quando foi lançado, há pouco mais de um ano, o Prisma completo com câmbio automático custava R$ 49 990. Mas os sucessivos reajustes de preços por parte da GM, bem superiores à inflação acumulada do período, não chegaram a derrubar as vendas do sedã compacto, em parte pelos preços serem "negociáveis" nas concessionárias, e também pela redução na competição interna (Agile e Sonic deixaram de ser vendidos no Brasil).



1º lugar - Toyota SW4: um utilitário no fim de seu ciclo de geração (sem grandes alterações há nove anos, descontando as intervenções estéticas), tecnologicamente superado... e que hoje custa astronômicos R$ 189 600, consideravelmente mais do que os já caros Mitsubishi Pajero Dakar HPE a diesel (R$ 172 990) e Chevrolet Trailblazer 2.8 Turbodiesel (R$ 173 490). O que a SW4 traz para justificar um valor tão alto? A resposta talvez esteja na lista de equipamentos (a mais que a versão SR, traz câmbio automático de cinco marchas, airbags laterais e de cortina, controles de estabilidade e tração, computador de bordo, sistema multimídia com TV, GPS, DVD, comandos no volante e câmera de ré, ajuste elétrico do banco do motorista, ar-condicionado automático, revestimento em couro - sim, são itens importantes de segurança e comodidade, só que a SR Flex automática custa R$ 67 320 a menos). Mas a confiabilidade da Toyota e a fama de sua mecânica ser alérgica a oficinas podem ser argumentos de venda suficientes para seus compradores. [não para nós do Auto REALIDADE]

Comentários

Chris Slather disse…
Claro, brasileiro trouxa paga qualquer preço pelas carroças vendidas aqui..por isso montadoras deitam e rolam
Bruno Miguel disse…
Lembrando que o CrossFox é baseado no Fox que esse foi feito para ser inferior ao Gol G4 em seu lançamento.

''Durante sua apresentação no Centro de Design da VW, Veiga confidenciou que o primeiro esboço do Fox foi feito em uma mesa de bar, num guardanapo de papel. A ideia era ser um carro compacto diferente do Gol, mas mais barato que o “Golzinho básico”, segundo ele''

''A situação que mudou a história do Fox no Brasil aconteceu às vésperas do lançamento. Pensado para ser o novo carro de entrada, a marca realizou clínicas com consumidores para saber o quanto pagariam pelo modelo. O painel era simples como no Gol G4, as portas com revestimento todo de plástico e até o porta-luvas não tinha tampa. Para surpresa geral, a receptividade foi boa e percepção de valor com o maior espaço interno, a posição elevada e os vários porta-objetos davam a impressão aos participantes da clínica que seria um carro mais caro, acima do Gol. Vários citavam valores acima do esperado. Assim, a VW mudou a estratégia de lançamento e o Fox acabou sendo posicionado acima do seu carro de entrada, mesmo com as limitações de acabamento.''