As impressões sobre o novo Renault Sandero


A Renault ignorou o estigma de apresentar um novo modelo justamente durante a Copa do Mundo, período em que as vendas de veículos em geral estão em baixa, e a atenção dos consumidores para novidades, idem. O novo Sandero chegou "timidamente" no início de julho às concessionárias - uma semana depois da estreia nacional, nada menos que quatorze unidades chegaram apenas à concessionária Via Paris da avenida João XXIII - e recebeu um lema, #vivaoagora. De estilo renovado, com mais equipamentos e mantendo as qualidades que o consagraram no mercado brasileiro, a linha 2015 do Sandero está mais competitiva. Fomos conferir todos os seus detalhes!



Visualmente, as semelhanças entre Sandero e Logan (veja ao lado) diminuem seu ar de novidade. Sim, a cor Azul Techno (!) e o para-choque com aberturas hexagonais e cromado diferenciado na versão Dynamique ajudam a não confundir um com o outro (no sedan, a cor exclusiva é o Marrom Cobre), mas sentimos falta de personalidade, tão definida na geração anterior dos modelos - justamente a época onde os cortes de custos nos modelos eram gritantes. Ainda assim, o Sandero possui linhas modernas: faróis de duplo refletor e grade superior interligados, com o losango da Renault em destaque "moldando" a grade (como nos novos Clio e Mégane, mais ousada que a do Dacia Sandero vendido na Europa), vincos definidos nas portas e para-lamas, rodas aro 15'' desde a versão de entrada, vidro de trás que se estreita ao avançar pelas laterais e lanternas com um interessante desenho interno - olhando-as isoladamente, dá até para lembrar do charmoso Citroën DS3. Alguns amigos acharam a traseira semelhante à do Onix e do atual Gol...


Já por dentro, não temos do que reclamar sobre a "unificação" entre os irmãos: o ambiente está mais convidativo, com quadro de instrumentos mais informativo (inspirado no Fluence, com tela de computador de bordo a partir da versão intermediária), sem falar no redesenho total do painel. O acabamento, evoluiu, mas continua simples, composto por plásticos de diferentes tons. Os bancos CCT, com espumas mais espessas, possuem um interessante bordado azul, que parece roxo de acordo com a luminosidade (e são opcionais, por R$ 1095).

Repare que a tela do Media Nav ficou mais ao alcance dos olhos e das mãos; como no "primo" New March, o centro do painel recebeu moldura prateada e acabamento na cor preto brilhante; o volante (ajustável em altura, por alavanca que exige certo esforço) ganha comandos do controlador de velocidade, mas os atalhos-satélite do rádio ainda estão em posição ruim. O extintor de incêndio fica atrás da barra que avança ou recua o banco do motorista.


Antenado, o Sandero dispõe de três nichos para colocar seu celular/smartphone: um acima das saídas de ar, outro entre o câmbio e o freio de mão, e outro ainda à frente dos porta-copos frontais. Diferentemente do Onix Lollapalooza, não há revestimento de borracha nestes locais; uma capinha para o telefone é providencial. Há também porta-objetos nas portas e um espaçoso porta-luvas de 5,7 litros.



Na versão Authentique, oferecida unicamente com o motor 1.0 16v, a predominância é de plásticos sem pintura, no volante, maçanetas internas, alavanca de câmbio e painéis das portas. Apenas o centro do painel, com moldura prateada, e os bancos com bordados azuis quebram o conjunto quase monótono, cercado de vazios, preenchidos com botões nas versões mais equipadas. Nesta versão também foram mantidos os velhos pinos de travamento das portas, que dificultam o acesso às portas de trás. Este modelo traz ar-condicionado como opcional (+ R$ 2730), sendo de série: direção hidráulica com regulagem de altura, espelho no para-sol do passageiro, airbag duplo, freios ABS e preparação para sistema de som. Mesmo o quadro de instrumentos possui um display mais simples, de iluminação amarelada, que indica somente quilometragem e nível de combustível no tanque. Ao menos conta-giros, luz indicadora de troca de marcha (com o objetivo de poupar combustível), ajuste de altura dos cintos dianteiros, alerta sonoro de faróis acesos, tomada 12 volts, alavancas para abertura interna do porta-malas (mandatória, do contrário só seria possível abrir a tampa com a chave, já que não há maçaneta atrás) e da tampa do tanque de combustível, regulagem de altura do banco do motorista (empurre a alavanca à esquerda do banco para cima ou para baixo, ajustando a altura desejada), calotas aro 15'' (batizadas de Fuego) e capô com amortecedor são de série. Na tabela de preços, o Sandero é mais em conta que o Logan (R$ 29 890 versus R$ 31 930).


O Expression deverá ser a versão mais vendida, e traz ar-condicionado, rádio/CD Player MP3 Double-DIN com entrada USB, Bluetooth e entradas auxiliar/para iPod, já com comandos próximos ao volante; computador de bordo com múltiplas funções (hodômetro total, hodômetro parcial, relógio, combustível consumido, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia previsível, distância percorrida, velocidade média, autonomia de abastecimento, além do marcador de combustível, que ao entrar na reserva apagam-se as barras e acende-se o ícone da bomba de combustível), travamento automático das portas a 6 km/h, três alças de segurança no teto, além de iluminação do porta-luvas e do porta-malas. As calotas aro 15'' se chamam Magiceo; há filetes cromados na grade, diferenciando-o do modelo básico.

Nesta versão, o Techno Pack, composto pelo Media Nav e pelos sensores traseiros de estacionamento, que vêm sem pintura, são opcionais. O preço sobe em R$ 1200.



Nossa versão preferida, a Dynamique, traz pacote completo de equipamentos: ar-condicionado digital (opcional; com graduação de 18 a 26 graus Celsius e informações integradas ao Media Nav), sistema multimídia Media Nav (também opcional, com tela sensível ao toque de sete polegadas), controlador e limitador de velocidade (com botões no volante) rodas de liga leve aro 15'' "Nepta", piscas integrados aos retrovisores, faróis de neblina com moldura cromada, vidros elétricos nas quatro portas e retrovisores elétricos (sem seu uso, mantenha o botão na posição "º" ao invés de apontar para a esquerda ou direita, evitando desperdício de energia), três apoios de cabeça traseiros, banco de trás bipartido (2/3 à esquerda, 1/3 à direita), além de luzes de leitura no teto (uma para o centro, outra voltada ao passageiro da frente), volante revestido em couro com detalhe inferior prateado... O contraponto: como o carro das fotos de divulgação (incluindo pintura metálica), esta versão em Teresina sai por nada menos que R$ 47 990 (no configurador, seu preço é de R$ 44 915). E, por ora, sem opção de câmbio automatizado.


Falando nele, o Easy-R (que também será adotado no Logan), desenvolvido pela ZF, contará com cinco marchas (o câmbio automático utilizado até então era o da antiga Scénic, de quatro marchas), com opção de trocas manuais na alavanca, e deve chegar aos modelos 1.6 (Expression e Dynamique) em setembro. Outra novidade para breve na linha Sandero é a nova versão Stepway, que deverá ser apresentada no Salão do Automóvel de São Paulo, que ocorre entre 31 de outubro e 9 de novembro. Versões especiais, como GT LineTech Run e Tweed, deixam de ser produzidas.


O espaço interno é tão bom quanto o do Logan na dianteira e apenas um pouco menor na traseira - ainda assim, ótimo para pernas e joelhos, bom também para ombros e cabeça, mesmo para pessoas com mais de 1,80 metro de altura, com o banco dianteiro ajustado para outra pessoa de mesma estatura. Na versão Dynamique, há porta-revistas nos versos dos bancos dianteiros.


O porta-malas manteve a capacidade de 320 litros (ampliáveis para 1196 L com o banco traseiro rebatido) e com o estepe agora sob o assoalho. Apenas na versão topo-de-linha é possível rebater parte do banco, conciliando o transporte de mais de duas pessoas e cargas maiores no habitáculo. Pena que a visibilidade traseira ficou pior, com o vidro traseiro mais estreito.


Seu motor 1.0 16v produz 77 cavalos/10,2 kgfm de torque com gasolina e 80 cv/10,5 kgfm de torque com etanol. Apesar de ter pequenos ganhos de torque (atingindo seu pico a 4250 rpm) e potência, é ainda subdimensionado para o porte do carro e mantém o reservatório de partida a frio, de tampa vermelha. Utilizando o combustível derivado da cana-de-açúcar, seu tempo de aceleração de 0 a 100 km/h é de 14 segundos cravados, com velocidade máxima de 161 km/h; com o combustível que deriva do petróleo, os resultados são: 14,1 s e 160 km/h - melhoria ínfima de um décimo de segundo na prova de aceleração. No quesito consumo, os dados são mais animadores: na cidade 8,1 km/l com etanol e 11,9 km/l com gasolina. Na estrada, os números são de 9,2 km/l (etanol) e 13,4 km/l (gasolina).



Já a motorização 1.6 8v rende 98/106 cavalos e torque de 14,5/15,5 kgfm @ 2850 rpm(com gasolina/etanol, respectivamente). Se não chega a ter desempenho acima da média, como o New March (reflexos do peso de 1055 quilos e do motor menos avançado), o Sandero 1.6 satisfaz na performance: aceleração de 0 a 100 km/h em 11 segundos com etanol (11,2 s com gasolina) e velocidade máxima de 177 km/h (179 km/h com etanol). Nos dois modelos, os engates de câmbio são curtos, lembrando um pouco os Volkswagen. O tanque de combustível, com capacidade de 50 litros, garante a boa autonomia de 670 quilômetros (versão 1.0). A suspensão, que passou por alterações nesta geração, continua mais voltada ao conforto nas vias brasileiras. Já a direção hidráulica tem maior "peso" em comparação com os modelos dotados de assistência elétrica.

Em termos de segurança, o Sandero 2015 não vai muito além do exigido pela legislação: conta com airbags para motorista e passageiro, freios ABS, alarme perimétrico e travas para crianças nas portas traseiras. O Latin NCAP realizou um crash-test da geração anterior do Sandero sem airbags, o que não reflete a segurança do atual modelo. Por ora, o atual Dacia Sandero foi avaliado somente pelo Euro NCAP - e se saiu bem, obtendo 4 estrelas de proteção a adultos (80%). Mas vale lembrar que, na Europa, ele possui controle de estabilidade, alerta do uso do cinto de segurança para os ocupantes da frente e airbags laterais, itens que passaram longe do Brasil.


O Renault Sandero disputa uma agitada faixa de mercado, entre R$ 30 mil e R$ 45 mil. Entre os hatches espaçosos, os principais oponentes são Chevrolet Agile (veja a avaliação dele aqui) e Volkswagen Fox (que recentemente passou por uma reestilização). Na prática, apenas a cor Vermelho Vivo, sólida, é disponível sem custo adicional. O Branco Neige ("opaco especial" [?]) custa R$ 300 a mais e as outras cores metálicas (Vermelho Fogo, Prata Etóile, Preto Nacré, Cinza Glacier e Azul Techno) adicionam R$ 1095 ao preço final. A garantia de três anos está na (atual) média do segmento.


Veredicto: O principal mérito do novo Sandero é reunir uma carroceria espaçosa (para cinco adultos) com um bom conjunto de equipamentos e mecânica conhecida, em admirável harmonia. Uma alternativa com aspecto mais jovem ao Logan, para quem quer viver o agora - embora as últimas unidades modelo 2014 (inclusive na versão Tech Run), entregavam mais custo-benefício, pelo preço do modelo 2015 menos equipado.



O Renault Sandero tirou...


Nota | A avaliação se refere ao modelo 1.6 Dynamique.

Design_ 8,5
Espaço interno_ 9,0
Conforto_ 8,5
Acabamento_ 8,5
Equipamentos_ 9,0
Desempenho_ 8,25
Segurança_ 8,25
Consumo_ 9,0
Custo-benefício_ 8,5

Nota Final_ 8,6


Veja mais fotos do Renault Sandero 2015!



Comentários