Importados do México sofrem, há quase dois anos, as limitações de cotas impostas pelo governo federal. Não que não seja possível trazer mais veículos, porém ficariam fora de preço. A Nissan foi a mais prejudicada, pois importa carros compactos – March e Versa – em volumes maiores, que formam a base do mercado brasileiro, além de Tiida e Sentra. Esse cenário muda em 2014 com a inauguração, em março, da fábrica em Resende (RJ) e início da produção daqueles dois compactos e, no final de 2015, do SUV deles derivado.
Já em março de 2014, a cota mexicana volta a subir, no que seria o último ano de restrições. Com o alívio duplo (cota e produção local), a marca japonesa pode lançar desde agora o completamente novo Sentra por preços bastante competitivos: R$ 60.990 a R$ 71.990. Trata-se da sétima geração do modelo que, de fato, deu um salto qualitativo. Seu estilo ficou agradável, destacando-se o peculiar desenho dos para-lamas dianteiros. Em aerodinâmica melhorou muito (Cx de 0,34 para 0,29). Faróis de neblina, maçanetas cromadas e extensa aplicação de plástico de toque macio são exemplos dos cuidados com equipamentos, acabamento e materiais.
Bom espaço interno, em particular no banco traseiro, o coloca em nível superior ao do Civic, líder do segmento, e rivaliza com C4 Lounge e 408. Porta-malas de 503 litros fica na média de 10 rivais. Porém, apenas 52 litros no tanque limitam autonomia em viagens, especialmente por ser um sedã médio-compacto. Em parte, essa desvantagem diminui porque o motor flex de 2 litros/140 cv alcança até 12,9 km/l em estrada, nota A (máxima) no critério Inmetro.
O Sentra evoluiu ainda em conforto de marcha e dirigibilidade. O câmbio automático CVT, que nem todos gostam, agora proporciona melhores respostas, sem prejuízo de permitir viajar a 120 km/h a apenas 2.000 rpm. Uma pena que falte alma ao motor, inferior em potência à maioria dos concorrentes.
Outro novo modelo mexicano também prejudicado pelas cotas é o Chevrolet Tracker. Compartilha arquitetura com Onix, Prisma, Cobalt, Spin e Sonic, porém é um SUV compacto de linhas atraentes e para-lamas massudos, mais interessante nesse aspecto que o EcoSport. Como há limitação para importar, a GM optou pela versão única de topo, LTZ, que sai por R$ 71.900. Inclui rodas de liga leve de 18 pol. e interior com acabamento razoável. Espaço no banco traseiro não chega a empolgar e nem o porta-malas, de apenas 306 litros.
Posição de guiar (inclui regulagem elétrica para região lombar) e comportamento dinâmico estão de acordo com as características de um SUV moderno desse porte. Motor de 1,8 L/144 cv vai bem, porém faltará fôlego se uma versão de tração 4x4 fosse disponível, o que não está nos planos da fábrica, pelo menos no momento. O câmbio automático convencional de seis marchas faz trocas rápidas. No desempenho geral, o Tracker fica atrás da versão Titanium do EcoSport e do Duster Dynamique, ambos de 2 litros e potências semelhantes, mas que entregam valores de torque superiores.
A partir de março de 2015, é provável que volte o livre comércio Brasil-México, com ajuda da taxa de câmbio. Seria ideal a concorrência sempre prevalecer, sem intervenções.
RODA VIVA
DEPOIS do Golf VII, o próximo modelo a utilizar no Brasil a arquitetura MQB da Volkswagen será o novo Fox, em 2016. Antes disso, já em 2014, o compacto receberá atualização de linhas. Polo continuará até o final do próximo ano. Gol compartilhará a arquitetura com o up!, este previsto pela coluna para estrear em fevereiro de 2014.
INMETRO passou a classificar de A a E, a partir deste mês, no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) as emissões de gases regulamentadas (CO, HC e NOx), além do gás carbônico (CO2) já constante da tabela. Difícil é encontrar carros nas lojas com o selo PBEV, mesmo entre fabricantes que se comprometeram. Lamentável.
REESTILIZAÇÃO do Camaro para o ano-modelo 2014 focou na aerodinâmica. Estilistas ousaram na parte frontal, sem se afastar muito da proposta de referência ao modelo original, de 1966. Mas, na traseira, o carro perdeu personalidade com lanternas sem inspiração. Houve ainda retoques no interior e o preço subiu para R$ 210.000 pela desvalorização do real.
PARA impulsionar o Agile, a fábrica fez alterações cosméticas em para-choques, grade, faróis e lanternas. Agora há apenas a versão LTZ, a mais equipada, a partir de R$ 42.990. Redefinição de relações de marchas e diferencial melhorou, ligeiramente, a utilização do câmbio automatizado (uma embreagem) que custa R$ 2.500. Volante de direção passou a ter base reta.
FÁBRICAS têm oferecido preços fechados de revisões mais acessíveis. Mas, várias impõem visitas semestrais às concessionárias. Isso traz custo de deslocamento para o consumidor, além de troca de óleo, na maioria dos casos desnecessária. Assim, devem-se somar gastos indiretos, além do valioso tempo das pessoas. Ainda bem que nem todas têm essa política, no caso Fiat, GM e Nissan entre outras.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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