Apresentado no Salão de São Paulo em 2012, o Toyota Prius já
está disponível em diversas concessionárias da marca no Brasil. O modelo é um
dos híbridos de maior sucesso do mundo, vendendo cerca de 3 milhões de unidades em seus 16 anos de estrada. Antes da avaliação do Auto REALIDADE, cabe
fazer um breve histórico do Prius.
Lançado em 1997, o Prius de primeira geração foi alvo
constante de críticas, especialmente por seu visual, esquisito para os
consumidores, pelo interior espartano e pelo fraco desempenho. Uma unidade
chegou a ser metralhada no programa TopGear. Em 2003 chegou a segunda geração,
mais espaçosa e que já não era um sedan convencional. Com mais recursos
(incluindo sistema que estacionava o carro sozinho em vagas perpendiculares, opcional),
caiu no gosto de celebridades como Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Cameron Diaz, Jessica Alba, Dustin Hoffman, Miley Cyrus (cantora e atriz que interpretava Hannah Montana), Claudia Schiffer (modelo que promovia o Citroën Xsara)... A terceira geração, na esteira do sucesso
da segunda, foi apresentada em 2008 e, em 2011, chegaram as versões Plug-in
(com bateria recarregável numa tomada), v/+/α (station wagon) e c/Aqua (hatchback compacto)
– na ocasião até foi ao ar uma enquete onde internautas podiam escolher o
plural de Prius. Desde 2004 a Toyota promove o Prius no Brasil, primeiramente nos
estandes do Salão do Automóvel e, em 2011, numa expedição pelo País, quando
jornalistas puderam dirigir o carro já naturalizado com a gasolina brasileira,
que por muito tempo foi um empecilho para engenheiros da Toyota. Em 2012, foi
exibido junto com o cupê esportivo GT 86 para promover o Etios em dez grandes
centros do Brasil e, no Salão do Automóvel, apareceu até na versão G Sports (veja Galeria de Fotos).
Seu design divide opiniões – é ousado frente ao Camry, mas
não parecendo um intruso no showroom Toyota, como o Etios. No entanto, seu
principal rival Volt (sem previsão de ser vendido no Brasil) é bem mais
interessante, e mesmo o Nissan Leaf (o Auto REALIDADE dirigiu o elétrico em 2011)
possui formas mais equilibradas. As atualizações pelas quais passou no ano
passado envolveram para-choque dianteiro, desenho interno das lanternas e rodas
15’’ (entre integrantes do grupo Auto REALIDADE, elas chegam a lembrar calotas).
Já o interior agrada bem mais. Ao entrar, é difícil não reparar
na tela central – e se recordar do Honda Civic. O bom acabamento e o visual
apurado dos comandos causam boa impressão. As saídas de ar centrais possuem
estilo similar aos Lexus, assim como o volante, com duas seções prateadas onde
de localizam botões de atalho.
O console é fixado no estilo ponte: embaixo está
um porta-objetos. O Prius “brasileiro”, equivalente à versão Four norte-americana (logo abaixo do top-de-linha Five), traz direção elétrica progressiva, ar-condicionado automático digital, sete airbags (frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do condutor), câmera de ré, sistema
de som JBL, sistema multimídia com tela touch-screen de 6,1'', entre outros itens. Todos os cinco ocupantes vão bem acomodados (o túnel central é muito
pequeno e há apoio de cabeça para todos).
O porta-malas é a grande surpresa
(literalmente): apesar dos 445 litros declarados até a altura das janelas, tem um enorme volume disponível até o teto, 611 litros. Há uma cobertura retrátil de tecido. A tampa
possui aerofólio e duas seções de vidro para melhorar a visibilidade (a de cima possui
limpador).
O motor liga no botão Power, e é possível selecionar três
modos de condução. No EV é possível dar a partida e se locomover com o motor
elétrico a até 40 km/h, situação mais próxima do intenso tráfego das grandes
cidades. No Eco Mode, o motor a combustão atua junto com o elétrico, rendendo
de 8 a 20% mais economia que o Power Mode, onde a resposta das acelerações pode
aumentar até 25%. Uma das vantagens mais notáveis do Prius sobre o Leaf é a
autonomia: 1150 quilômetros, mesmo com um tanque de 45 litros, enquanto o Nissan não chega a 160
km. As baterias do Prius, situadas na traseira do carro, são recarregadas com o
carro em movimento, e é possível conferir o nível de carga na tela superior. Seu motor 1.8 VVT-i 16V DOHC a gasolina gera 99 cavalos @ 5200 rpm e 14,5 kgfm de torque @ 4000 rpm, enquanto o motor elétrico rende 60 kW, equivalentes a 82 cavalos, contabilizando uma potência combinada de 134 cv. A Toyota norte-americana divulga consumo na estrada estimado em 20,4 km/l - na cidade consome ainda menor, 21,6 km/l. Infelizmente não pudemos conferir o consumo real do Prius na cidade.
O câmbio CVT tem alavanca em posição mais ergonômica do que
o Prius de segunda geração, pequena, lembrando um joystick. Nela se veem as
posições R (ré), N (neutro) e D (drive) de um câmbio automático convencional. O
P (park) é um botão à esquerda da alavanca. E o B é o freio-motor.
A proposta do Prius é interessante, não fossem alguns
fatores que o desabonassem. Primeiramente, sem incentivos do governo Dilma, o
carro custa R$ 121 900, valor inferior ao do rival mais próximo, o Fusion
Hybrid (R$ 133 900), mas nos EUA o preço é bem menor (US$ 28 435). Não é à toa que
não condiz com o preço em alguns detalhes, como a vareta que sustenta o capô,
os botões sem função à esquerda do volante e a falta de acendimento automático dos faróis. Além disso, seu consumo pode ser bom, mas não
chega a pagar a diferença entre ele e um Corolla, também 1.8. Ser híbrido é uma
tendência mundial (de acordo com a consultoria Free-donia Group, este ano serão
vendidos 4,5 milhões mundo afora), mas o mercado para o Prius tende a ser
reduzido no Brasil, embora a Toyota acredite que 1000 unidades possam ser vendidas em todo este ano. E por fim, as baterias (uma de níquel-metal, outra de chumbo ácido),
incluindo processos de fabricação e - especialmente - descarte, representam um risco
ambiental superior às emissões de CO2 de um carro convencional
(lembrando que por usar gasolina, o Prius não está livre de emitir dióxido de
carbono).
O Prius é... o quê mesmo?
A partir da segunda geração, o Toyota Prius deixou de ter
três volumes definidos, embora ainda tenha perfil semelhante ao de um sedan. Mas
a tampa do porta-malas abre junto com o vidro, há limpador traseiro... Tudo bem
que existiram carros que tinham os itens (Citroën C5 de primeira geração e
Mitsubishi Lancer Evolution IX, respectivamente), mas ao abrir o porta-malas do
Toyota, parece uma perua... Só que perua é o Prius v. E o vidro traseiro
lembra o do Honda CR-Z, um cupê. De qualquer
modo, em algumas situações o Prius ora é descrito como hatchback (mesmo tendo
um terceiro volume na carroceria), ora como minivan. A Fenabrave o classifica como sedan médio e registra 25 unidades emplacadas em 2012. Não é à toa que o Auto
REALIDADE evita classificações de carros por carroceria.
Veredicto: O Toyota Prius é o único carro híbrido vendido oficialmente
no Brasil que não é adaptado de um carro , o que em tese pode atrair quem
queira mostrar de longe que utiliza um híbrido (quem? Algumas frotas de
empresas). Por este preço – e levando-se em conta as vendas reduzidas do Fusion
Hybrid - será mais um carro de imagem da Toyota (como o Lexus CT200h) do que
uma “alternativa para salvar o planeta”. A propósito: fica a dica para, assim
como a Nissan, promover seu híbrido com um test-drive (como fez em 2011,
oferecendo o Leaf para ser dirigido).
Design_ 8,0
Espaço interno_ 9,5
Conforto_ 9,0
Acabamento_ 9,0
Equipamentos_ 9,5
Desempenho_ -
Consumo_ -
Custo-benefício_ 6,0
Nota Final_ 8,5
Primeira Galeria de Imagens: Prius no Salão de São Paulo/2012
Fotos: Rafael Susae
Segunda Galeria de Imagens: Prius nas concessionárias
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Luiz de Londrina - PR
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