Cruze, Lancer, Elantra e Fluence se enfrentam

O primeiro comparativo do Auto REALIDADE levou quatro dias para ficar pronto e foi realizado a pedido de um leitor que sugeriu um confronto entre os recém-lançados Chevrolet Cruze e Mitsubishi Lancer. Além dos dois sedans, pusemos ainda o Hyundai Elantra e o Renault Fluence. Você deve estar perguntando onde estão Corolla, Jetta, Cerato e outros, mas optamos por incluir modelos recentes, de dimensões parecidas, que possuem mesmo motor tanto na versão básica quanto na completa, e um público similar. A Peugeot Riviera não permitiu imagens do 408, impossibilitando sua inclusão no comparativo.

Neste comparativo, consideramos as versões de entrada e completas dos quatro veículos. Básicos, Cruze, Lancer, Fluence e Elantra custam respectivamente R$ 67 900, R$ 68 990, R$ 60 290 e R$ 71 850, já com um bom nível de equipamentos, espaço interno e porta-malas amplos e motores com mais de 140 cavalos. Quaisquer participantes dessa briga poderiam fazê-lo feliz na sua garagem, e por isso mesmo esmiuçamos todos os carros para indicar o vencedor. Algumas notas possuem pesos, mas você poderá aplicar seus critérios a seu gosto na escolha de seu futuro sedan médio.

Design – critério subjetivo

 

O Cruze possui um visual elegante, que honra seu antecessor Vectra. No entanto, o modelo (lançado mundialmente em 2008) passou por um face-lift no exterior. O LTZ se distingue do LT pelas rodas, sendo que no mais barato o design delas é mais bonito. Poucos detalhes desagradam.

 

O Fluence remete ao seu irmão de projeto Samsung SM3, daí a presença de traços asiáticos misturados à elementos tipicamente franceses. Também agrada, embora seja discreto. As rodas da versão Privilège são mais atraentes. Logotipo centralizado ficou interessante.

 

O Elantra é o mais ousado, com faróis e lanternas volumosos e que se prolongam pelas laterais, além de vincos e janelas curvas, além da traseira pequena. Apesar de ser futurista, o resultado não é tão agradável. E tende a envelhecer mais depressa.

O Lancer felizmente não perdeu seus traços comuns com a versão Evolution X – na cor vermelha, bastaria um aerofólio traseiro (opcional) para ser confundido com o mito. As rodas estão presentes no Sportback Ralliart. Definitivamente, o estilo do Lancer é um dos principais argumentos de compra. Mas fique atento – esse design é de 2008 e o Lancer nacionalizado, a ser produzido em no máximo dois anos, será atualizado.

 

Cruze_ 8,8 | Fluence_ 9,0 | Elantra_8,5 | Lancer_ 9,5

Interior

Acabamento – peso maior

O Cruze deixa bem claro que é um Chevrolet, no desenho do volante, na iluminação Ice Blue e no duplo ambiente para motorista e passageiro. Apliques prateados no console e detalhes cromados enriquecem o interior, e há apliques de couro em diversos locais. Quem vai atrás conta com descansa-braço com porta-copos.

 

O Fluence transmite solidez, embora as maçanetas internas causem má impressão (são aproveitadas em quase todos os outros Renault). Fora isso, o painel é bonito, se assemelha ao de carros europeus. E é mesmo: o conjunto é utilizado no Mégane III na Europa. Só que o acabamento não é primoroso, e a iluminação interna poderia ser melhor. Há descansa-braço na traseira, com duas saídas de ar independentes.

 

O Elantra impressiona pelo visual arrojado também por dentro, embora as saídas de ar, pequenas e em posição baixa, não sejam as ideais. Outra coisa que empobrece o visual é o extintor de incêndio aparente.

 

O Lancer é o que possui acabamento menos atraente, especialmente na versão de entrada, 2.0. As portas de trás só possuem plástico rígido. Única ”mordomia” é o descansa-braço com porta-copos para quem vai atrás. Mas o Lancer atrai gente de um perfil mais esportivo, que se preocupa menos com o acabamento, então essa nota pode receber peso menor para quem estiver pensando em comprar um.

 

Cruze_ 9,1 (x2) | Fluence_ 8,8 (x2) | Elantra_ 9,0 (x2) | Lancer_ 8,2 (x2)

Espaço interno


 

O Cruze possui entre-eixos de 2,69 metros, um centímetro a menos que Fluence e Elantra, mas seu teto com pouca inclinação na traseira garante espaço para a cabeça, ligeiramente melhor que no Fluence, mas o sedan do andar de baixo Cobalt oferece mais espaço para bagagens e passageiros.

O Fluence tem entre-eixos de 2,70 metros e teto um pouco mais baixo do que Cruze e Elantra, resultando num leve ar esportivo, mas com bom espaço.



Curiosamente o Elantra também possui entre-eixos de 2,70 metros, e dificilmente alguém encostará a cabeça no teto.



Dos quatro modelos, o Lancer possui entre-eixos menos (2,63 metros), e o quinto passageiro viaja muito mal - e sem encosto de cabeça.

Cruze_9,0 | Fluence_ 9,0 | Elantra_9,0 | Lancer_8,8

Equipamentos – peso maior

Quem compra um sedan nessa faixa de preços quer uma boa dose de equipamentos de comodidade. Veremos o que cada um traz...

O Cruze pode receber partida por botão, central multimídia com GPS (controlada por botões, já que não é sensível ao toque), bancos de couro, comandos do som e de telefone no volante... Pena não ter teto solar disponível nem como opcional.

O Fluence não tem chave – um cartão é o que abre as portas, mas ele nem precisa ficar no seu alojamento para ligar o motor, como ocorria com seu antecessor, o Mégane II. A tela de GPS é fixa (parece móvel, mas fica permanentemente aberto no alto do painel, o que pode atrair ladrões). A direção é elétrica progressiva. Faróis de xenônio e teto solar são opcionais.

O Elantra possui botão de partida, câmera de ré e pode receber teto solar como item opcional. Não traz navegação por GPS nem como opcional, e as telas azuis para rádio e ar-condicionado, monocromáticas, soam ultrapassadas em relação aos concorrentes. O volante é revestido em couro, os bancos contam com regulagem elétrica (para condutor) e a coluna de direção é regulável em altura e profundidade (manual). Só o Elantra possui banco do motorista possui ajuste elétrico.

O Lancer é o único a ter paddle-shifts, e possui uma vistosa tela do sistema multimídia “Power Touch” (dos quatro, só ele possui o recurso touch-screen), que integra GPS e rádio/CD/DVD/MP3 com entradas USB e iPod (ambas no console), controle remoto e Bluetooth, além de teto solar, lavadores de faróis (que podem ser de bixenônio) e sensor de chuva. Mas a maioria desses itens só está na versão GT. Ar-condicionado automático não é digital, de série em todos os outros concorrentes.

Cruze_ 8,8 (x2) | Fluence_ 9,3 (x2) | Elantra_ 9,0 (x2) | Lancer_ 9,5 (x2)

Porta-malas

Apesar de todos serem sedans, o peso do porta-malas será menos significativo na nota final. O motivo é que nem sempre esses veículos são utilizados em atividades que necessitem lotar o porta-malas. Nada impede que você atribua seus próprios critérios na escolha de um desses modelos.

O Cruze leva 450 litros, mas tem dobradiças internas, que podem amassar bagagens que estejam próximas delas, e acabam ocupando mais espaço no habitáculo.

 

O Fluence é o campeão: 530 litros. Pena que suas dobradiças também sejam do tipo “pescoço-de-ganso”.

 

O Elantra leva menos, 420 litros. 

 

O Lancer fica na lanterna, com 413 litros, mas não perdendo tanto em relação ao Elantra. E suas dobradiças são pantográficas, a melhor solução.

Cruze_ 8 | Fluence_ 9,5 | Elantra_7 | Lancer_ 7,5

Motor – peso maior

O Cruze inaugurou o motor 1.8 Dual CVVT 16V de 140 cavalos com gasolina e 144 com etanol, com 17,8/18,9 mkgf de torque máximo a 3800 rpm. Possui desempenho bom, mas o consumo é alto – o que parece ser uma sombra do passado do Vectra. A GM declara tempo de 0 a 100 km/h em 11,4 segundos.

 

O Fluence possui o melhor desempenho do grupo – seu motor 2.0 16V é utilizado também no Nissan Sentra, e possui 140 cv com gasolina/143 cv com etanol. O torque é de 19,9/20,3 mkgf, máximo a 3750 rpm. A Renault diz que o Fluence faz de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos, consumo urbano de 7,1 km/l e rodoviário de 9,8 km/l.

 

O melhor consumo vem do Elantra: faz mais de 10 km/l na cidade, e ultrapassa 15 km/l na estrada. Ele não possui motor Flex Fuel, e a potência do motor 1.8 16V é adulterada pelo Grupo CAOA: passa dos 148 cavalos que realmente possui para 160 cv declarados na documentação. O torque é de 18,1 mkgf, máximo a 4700 rpm.

Assim como o Hyundai, o Lancer não é bicombustível. O motor 2.0 MIVEC 16V perdeu 90 cv em relação ao Sportback Ralliart, mas ainda é o mais potente do grupo (160 cavalos), com 20,1 mkgf de torque máximo a 4200 rpm. Mas o desempenho não é muito melhor que os oponentes: a Mitsubishi declara tempo de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos, número que sobe para 10,7 no Lancer CVT.

Cruze_8,6 (x2) | Fluence_ 9,3 (x2) | Elantra_ 9,1 (x2) | Lancer_ 8,8 (x2)

Câmbio

O Cruze possui duas transmissões de seis velocidades. Durante a preparação da matéria, encontramos um raro Cruze MT (manual), que possui manopla esportiva.

 

O Fluence também possui transmissão manual de seis velocidades, enquanto o automático é continuamente variável (CVT), ou seja, não possui número determinado de marchas. Essa transmissão é mais suave, por não se sentir as trocas entre marchas.

 

O Elantra tem seis marchas nos câmbios automático e manual. A transmissão, bem sincronizada com o motor, auxilia no baixo consumo do Hyundai.

 

O Lancer, quem diria, possui um câmbio CVT (INVECS-III, de série na versão GT). Mas ela possui seis marchas “virtuais”. O câmbio manual possui cinco marchas.

Cruze_ 9,0 | Fluence_ 9,2 | Elantra_ 9,0 | Lancer 9,0

Segurança – peso maior

O Cruze possui quatro airbags (seis na versão LTZ), freios ABS, controle de tração (ASR) e de estabilidade (ESP) de série. Participou do teste de impacto Latin NCAP 2011 e obteve quatro estrelas de proteção para motorista e passageiro frontal (13,18 pontos de 16 possíveis) e três estrelas (32,59 pontos de 49 possíveis) de proteção para crianças. Vale lembrar que a versão do teste era a coreana, que possui apenas um pré-tensionador de cinto de segurança. O modelo europeu, com duplo pré-tensionador, tirou cinco estrelas no teste.

O Fluence deve ASR e ESP, mas traz seis airbags, além de ABS, EBD e BAS. Todos os cintos são de três pontos. Avaliado pelo Euro NCAP, o Fluence Z.E. (versão elétrica) recebeu quatro estrelas de proteção aos ocupantes.

 

O Elantra também vem com seis airbags (atenção: anunciam oito), ABS, EBD e BAS; empataria com o Fluence não fossem os freios a tambor, menos eficientes, nas rodas traseiras, inclusive na versão “Completíssima”. Cinto do meio do banco de trás é subabdominal (de dois pontos, não protege o tórax em desacelerações).

 

O Lancer é o sedan que possui mais airbags: são sete (frontais, laterais, de cortina e de proteção para joelhos do motorista), que se abrem com mais ou menos força de acordo com a violência do impacto. Os freios são ABS com EBD, mas o cinto do meio do banco traseiro e subabdominal. Testado pelo Euro NCAP em 2009, obteve cinco estrelas de proteção aos ocupantes.

Cruze_ 9,8 (x2) | Fluence_9,5 (x2) | Elantra_ 9,0 (x2) | Lancer_ 9,5 (x2)

Preço e gastos adicionais

O Cruze LTZ pode chegar aos R$ 79 890, e tem seguro um pouco mais alto, por volta de R$ 1700.

Completo, o Fluence está por R$ 81 440, mas o Auto REALIDADE encontrou unidades 2011/2012 por R$ 74 990. É o modelo que possui o melhor custo-benefício do grupo. Dependendo do perfil do comprador, é o sedan que possui menor valor de seguro.

Atente ao visitar uma concessionária Hyundai: o preço pode estar acima dos R$ 84 900 mencionados na tabela de preços. Trazido da Coreia do Sul, o Elantra fica menos competitivo por conta do repasse do “novo IPI”. E o seguro é caro, na faixa dos R$ 3000.

 

 

O Lancer também possui IPI mais alto, por ser montado no Japão. Com todos os opcionais na versão GT, chega a R$ 85 990, quase o preço de um Jetta TSI, e mais alto que o do Peugeot 408 THP, sendo que esses dois modelos possuem desempenho melhor.

Cruze_ 7,5 | Fluence_ 8,2 | Elantra_ 6,5 | Lancer_ 6,8

Garantia

Cruze_ 3 anos

Fluence_ 3 anos

Elantra_ 5 anos

Lancer_ 3 anos

Vendas em 2012






Cruze_ 7485 unidades
Fluence_ 3018 unidades
Elantra_ dados não contabilizados
Lancer_ dados não contabilizados 

RESULTADO FINAL

4º Hyundai Elantra 103,2 pontos


 

Quem comprou um Elantra não deve ficar frustrado: o modelo é uma compra excelente em seu segmento, mas alguns pequenos detalhes derrubaram sua nota, como os freios traseiros a tambor e a falta de GPS. Mas seu maior inimigo no comparativo foi o preço. Não fosse a megalomania da Hyundai CAOA e o IPI elevado para veículos fabricados fora do eixo Mercosul-México, quem sabe seu preço fosse mais baixo e a compra valesse a pena.

3º Mitsubishi Lancer 104,1 pontos

Tomou calor do Hyundai Elantra e, não fosse o apelo visual, teria perdido o confronto. É um bom carro, dependendo do que o comprador espera. Apesar do design, não é muito mais esportivo do que seus concorrentes. O consumo é menor do que o do Cruze, o que pode até atrair quem está insatisfeito com o baixo rendimento do Chevrolet com etanol e que apreciem o estilo interessante (porém já com certo tempo, no exterior) do Lancer.

2º Chevrolet Cruze 114,9 pontos


 

Com uma distância de mais de 10 pontos em relação ao Lancer, o Cruze se mostrou superior quando a comparação é em diversos âmbitos, mas para o público do Mitsubishi – que valoriza o design e o motor – o Chevrolet é deixado em segundo plano: não tem a exclusividade ou a esportividade do Lancer.

1º Renault Fluence 118,7 pontos


 



O Fluence ganhou o comparativo por manter sua regularidade diante dos concorrentes. Não encanta pelo acabamento, mas possui um visual atual (e que deverá demorar a ser modificado), porta-malas amplo, bom conjunto de equipamentos, motor que apresenta desempenho interessante e baixo nível de consumo, tudo a um preço justo (e que ainda pode abaixar com descontos durante esta semana, na promoção Portas Abertas).

Agradecimentos | Canadá Veículos; Via Paris; Smaff; Trilha Veículos