A importância da Scénic para o segmento dos monovolumes é muito maior do que se pode supor. Na Europa, o modelo marcou um divisor de águas entre as antiquadas vans, quadradonas e restritas, se aproximando mais de um carro de passeio, no caso o então recente Mégane, quando foi lançada, em setembro de 1996.
O nome já foi utilizado num concept-car, apresentado em 1991 e que, de semelhante, só havia o nome e o conceito de “ser minivan”.
Caso a Scénic não tivesse sido lançado no País, as suas atuais concorrentes talvez demorariam mais a chegar, ou nem mesmo aportariam no Brasil. Isto porque foi o modelo pioneiro no segmento de minivans médias, chegando como modelo nacional em novembro de 1998, com fábrica em São José dos Pinhais (Paraná). E alcançou sucesso inesperado, além de abrir caminho para Citroën Xsara Picasso, de 1998, e Opel Zafira, lançado em 1999.
O nome oficial era Renault Mégane Scénic
O custo de manutenção era elevado, mas o Mégane Scénic (pode reparar: o nome “Mégane” estava na traseira e “Scénic”, nas laterais, veja acima) vinha com ótimo espaço interno, interior moderno, design agradável e soluções como o porta-trecos no piso e as mesinhas, tipo avião, embutidas nos bancos dianteiros.
Haviam os motores 2.0 8V, desde o lançamento, e 1.6 16V, na versão RT. Este último motor chegou ao Brasil enquanto sua correspondente européia era re-estilizada. Ou seja, durou pouco o tempo em que a geração brasileira e a européia estavam em sintonia: do fim de 1998 até o mês de julho de 1999.
A nova Scénic vinha com painel mais arejado, faróis “arregalados”, grade estilo colméia, faróis e lanternas de lentes lisas, entre outros toques de modernidade. Diz-se que o projeto da Scénic 2000 começou, pasme, no fim de 1996.
Outro destaque foi a separação da minivan da linha Mégane: ela não trazia mais o nome do “irmão” na lataria.
A Scénic 2000 ganhava ainda mais versatilidade: porta-copos refrigerado, vidro traseiro basculante, porta-mapas, compartimentos...
O interior ficou mais agradável, mas a posição de dirigir, muito horizontal, continuava a mesma
O modelo ganhou uma curiosa versão em 2000: a RX4 (acima), que tinha molduras emborrachadas nas laterais, plásticos pretos nos para-choques e nos para-lamas e um estepe na traseira, digno de Adventure da Fiat.
Em 2001, a Scénic, mesmo tendo sido renovada, já era considerada veterana no Brasil. Afinal, as mudanças eram poucas e chegaram tarde. Como ainda não havia o corte de custo que as montadoras fazem nos carros europeus adaptados para o Brasil, um dos itens que a versão brasileira perdeu foi o vidro basculante (além do sistema de navegação, que não era disponível para carro nenhum mesmo, na época...)
O motor passou a ser 2.0 16V, de 140 cavalos, que equipava Clio RS, Espace e Laguna. O problema é que a segunda geração não demoraria muito para vir. Ainda em 2001, a Scénic ganhou câmbio automático como opcional na versão RXE, na época a top-de-linha.
Em 2003, no Salão de Genebra, eis que aparece a Scénic totalmente renovada.
Acreditava-se que o modelo desembarcaria no fim de 2004 (ainda estávamos em sintonia com a Europa...), talvez acompanhado do Projeto J77, que se tornou o Renault Modus e nem de longe viu o Brasil (foto abaixo).
Para não passar “em brancas nuvens”, pequenas mudanças nas relações de marcha foram promovidas no modelo Automatique. No fim de 2003, ganhou a versão top Privilège Plus, com detalhes exclusivos. Falando em versão, houve mudanças de nomenclatura: Authentique para a versão básica e Expression para a intermediária. Ainda em 2003, a Renault lançava a versão Alizé, que parecia-se com a básica, mas vinha com ar-condicionado e máscara negra nos faróis.
A versão 1.6 ganhou a tecnologia Hi-Flex, uma vez que o motor era o mesmo adotado no Renault Clio. A potência subia de 110 cavalos, com gasolina, para 115 abastecido com etanol.
Em 2006 chegou a versão Sportway (acima), tentativa de dar um ar off-road à minivan, mas que nem de longe é semelhante, em termos técnicos, do RX4, que tinha suspensão mais elevada, tração nas quatro rodas, e que já havia sido descontinuado na Europa, por se tratar de um projeto ultrapassado, inclusive com quebra-mato, acessório que o Auto REALIDADE desestimularia colocar em seu carro, por trazer malefícios grandes em caso de acidente, ainda mais se o carro tiver air-bag (caso da Scénic RX4), que pode não abrir corretamente caso o quebra-mato não for projetado na fábrica.
De fato, a Scénic Sportway trazia um visual menos tedioso, para quem não conhecia a versão européia, anos-luz à frente. Novas rodas, para-choques, rack e adesivos davam um visual “campestre”.
Mais séries especiais foram lançadas: a Kids e a DVD (abaixo) tinham em comum o recurso de DVD-player, instalado no teto, de modo que apenas os ocupantes do banco de trás possam ver a tela. Como na época assistir televisão ou ver um filme dentro do carro era meio que raridade, os modelos tiveram razoável aceitação.
Em pouco tempo, as versões 1.6, mais competitivas, ficaram sendo responsável por boa parte das vendas. O motor 2.0 disse adeus em 2008.
Para acabar de vez com o atraso, a Renault importou o Mégane Coupé-Cabriolet e a Scénic II de sete lugares, vindos diretamente da França.
O modelo era bonito e, com painel digital, tinha um ar maior de sofisticação.
Mas a geração II não era tão nova assim na Europa, e ganhou uma substituta no fim de 2009.
Não teve outra chance para a Scénic II: o modelo deixou de ser importado assim que as unidades dos últimos lotes se esgotaram, em 2009. Para quem comprou o modelo e o viu sendo descontinuado menos de dois anos depois, é uma injustiça.
A Scénic III só viria pelo preço da atual Scénic se viesse com pouquíssimos equipamentos de série, motor fraco e grandes cortes de custo. Como fazer isto requer tempo, a Scénic III poderá ser fabricada no Brasil com um padrão europeu um pouco piorado (e com o preço já elevado) ou a Renault poderá trazer o modelo, vindo da França.
Mas aí a minivan competiria em preço com Grand C4 Picasso, e não com as velhinhas Zafira e Xsara Picasso. De qualquer modo, com o mercado de minivans médias em baixa, espera-se o lançamento da nova geração apenas em 2011 ou 2012, isto se a Renault quiser tentar voltar a ser a grande líder, tanto em vendas como em nível de satisfação, e passar uma borracha na fase triste da Scénic, que nos últimos anos não recebe atenção de ninguém, principalmente da montadora.
Enquanto não há uma decisão correta, a Nissan, com a minivan Livina/Grand Livina (abaixo), ocupa o lugar espiritual da velha francesa, que passou por altos e baixos, sempre tentando agradar às famílias (lembre-se que Renault e Nissan fazem parte de um mesmo conglomerado).
Eu gostaria de dizer o contrário, mas o fim de linha da Scénic, que clamava por atualizações, não deixará saudades.
Comentários
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Ainda lembro de uma entrevista do Fernando Collor na Carro, em 2001 ou 2002, na qual ele dizia que a indústria brasileira deixou de produzir carroças para fabricar charretes. Quinze anos depois, as carroças voltaram.
Minha scenic está piscando a luz do óleo e do stop alguém pode me dizer o que pode ser
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