Honda, Nissan e Hyundai abrem mão de "bater" na Toyota



Toyota Matrix, afetado pelo recall

A crise de imagem da Toyota, provocada pelo inédito recall de milhões de carros da marca nos Estados Unidos, Europa e China, não será usada como combustível para impulsionar as vendas de suas tradicionais rivais orientais - Honda e Nissan, do Japão, e Hyundai, da Coreia do Sul.

Foi o que disseram representantes dessas três empresas ao Wall Street Journal. Pelo menos da boca para fora, nenhuma delas pretende tripudiar sobre a Toyota, oferecendo algum tipo de benefício a consumidores que eventualmente tenham desistido, ou que ainda possam desistir, de comprar um carro dessa marca depois que, nos EUA, foi anunciado um recall e em seguida a suspensão da produção dos modelos Corolla, Camry, Avalon, RAV4, Matrix, Tundra, Sequoia e Highlander.

Esses oito carros respondem por cerca de 53% das vendas da japonesa -- hoje a maior montadora do mundo -- no mercado norte-americano. Um problema no pedal do acelerador, que pode se prender e não retornar à posição inicial, obrigou a um recall que começou com 2,3 milhões de unidades nos EUA, e que já inclui outros milhões na Europa e na China. O Brasil, segundo a filial da Toyota, está fora.



Toyota Highlander, afetado pelo recall

"Não faremos nenhuma atividade de vendas voltada especificamente aos compradores de Toyota nos EUA", disse um porta-voz da Honda, citado pelo WSJ. A Nissan, segundo o jornal, anunciou que teria a mesma postura da conterrânea. Já a sul-coreana Hyundai, tida como a montadora mais agressiva do mundo em termos de marketing e estratégia, prometeu apenas prosseguir com sua "política de preços [mais baixos]", e apostando na "qualidade e imagem de marca" de seus produtos.

Tanto o WSJ quanto o boletim especializado Automotive News qualificaram o gesto das montadoras asiáticas como de "solidariedade" à rival Toyota, num momento que pode ser o mais difícil de sua história, talvez mesmo ameaçando sua recém-conquistada liderança global em vendas.

Nos EUA, Ford e General Motors não demonstraram a mesma fidalguia (seja ela sincera, seja ela apenas pelo medo de um dia estar na mesma posição defensiva da Toyota), e já prometem descontos e outros benefícios a consumidores que desejem trocar seu Toyota usado ou financiado por um carro das duas marcas. A própria Toyota deve reagir, oferecendo barganhas para atrair compradores às revendas.

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