Ao volante: Nova Nissan Frontier LE 4x4 é soberana na estrada e fora dela



Fotos, vídeos e redação - Júlio Max, de Tuiuti (SP), e Divulgação
Viagem à convite da Nissan

O segmento de picapes médias no Brasil passou por uma repaginada importante de 2015 para cá: desde então, todas as representantes do segmento - Toyota Hilux, Chevrolet S10, Ford Ranger, Volkswagen Amarok e Mitsubishi L200 Triton - tiveram reestilizações abrangentes e novidades de conteúdo. Agora, a nova geração da Nissan Frontier avança 10 anos frente a sua geração anterior. O Auto REALIDADE teve contato antecipado com ela na concessionária, já andamos na picape sob diversas condições, e uma coisa é certa: o trono de rainha da relação custo-benefício é merecidamente da nova Frontier.



Seguindo a cartilha Nissan, o visual da nova Frontier é discreto, porém com toques de ousadia, a começar pelas cores Laranja Imperial e Vermelho Alert, tons chamativos para o segmento. A frente traz faróis de LED com bela iluminação e a grade cromada ostenta o V que a marca adotou para si como simbologia visual. Lateralmente, o rack de teto e os estribos complementam o estilo, enquanto a traseira é marcada por uma tampa de caçamba com vincos fortes, brake-light com luzes de LED e para-choque cromado com sensores de estacionamento. Os cromados também estão nas maçanetas e retrovisores. E, se as rodas de 16 polegadas são pequenas diante das rivais e da própria Frontier SL anterior (a maioria adota como padrão o aro 17'' nas versões topo-de-linha), a escolha do conjunto pneus-rodas (255/70) faz com que ela transponha obstáculos com muita facilidade.


Na apresentação à imprensa, que ocorreu no Haras Tuiuti, a Nissan pôs as duas gerações que foram fabricadas no Brasil: a D22, que começou a ser produzida em São José dos Pinhais em 2002 (estreando também o novo visual: lembra do comercial em que ela derrubava um trem com uma encostadinha?) e a D40, que chegou importada ao País em 2007 e que, na época em que a marca partiu para campanhas publicitárias corrosivas, fez a fama com o comercial Pôneis Malditos. A marca considera que esta nova geração da Frontier (D23, conhecida como NP300 ou Navara em mercados internacionais) é a décima-segunda, considerando toda a dinastia de picapes Datsun e Nissan, que iniciou em 1934 com a Type 13 e se estendeu até a Nissan D21, que chegou a ser vendida no Brasil.


O interior também é todo novo, incorporando elementos dos sedans da marca - afinal, são como eles que, muitas vezes, as picapes médias são utilizadas no dia-a-dia. O volante tem estilo similar ao Altima, com ótimas abas, revestimento em couro e comandos de computador de bordo, som e controlador automático de velocidade. Atrás dele está o novo quadro de instrumentos, com uma bonita iluminação branca, e que traz a companhia do computador de bordo com tela colorida de 5 polegadas. Ele exibe informações como autonomia, velocidade média, distância percorrida, informações de som e ajustes curiosos, que incluem a possibilidade de mudar a cor do ícone da Frontier no menu! Também é possível ver a marcha engatada (no modo sequencial) e a forma de tração selecionada.



O ar-condicionado passa a ter os comandos do Sentra, trazendo ajuste automático digital com duas zonas de temperatura (a regulagem é de meio em meio grau Celsius), e há também duas saídas de ar traseiras, como na Hilux.


Já a central multimídia Multi-App é exclusividade do modelo de especificação brasileira. Concentra múltiplas funcionalidades: CD e DVD Player, câmera de ré (as linhas de guia são fixas), duas entradas USB e auxiliares, Bluetooth, entrada para cartão de memória (há 2 GigaBytes de memória interna) e interface Android, que ao se conectar ao Wi-Fi permite instalar os aplicativos no Google Play. Assim, é possível acessar streaming de áudio (Spotify), vídeos (YouTube), GPS (iGO, Waze), entre outros. A tela é sensível ao toque, de 6,2 polegadas, e tem fácil operação, complementada pelos atalhos no volante. Há também 4 alto-falantes e 2 tweeters, com boa qualidade na reprodução de som.


A Frontier também traz três tomadas de 12 volts internas, assim como a Amarok: há uma no alto do painel, onde fica um porta-objetos; outro na ponta central-direita do painel, ao lado do botão de ativação do sensor de ré, e mais um dentro do apoio de braço dianteiro. Há também várias alças no teto e nas colunas, todas fixas, para facilitar o acesso à cabine em complemento aos estribos laterais.


Os proprietários da antiga Frontier sentirão falta de alguns detalhes. O volante, que tinha ampla regulagem de altura (podendo inclusive assumir uma posição parecida com a de um caminhão), agora ajusta bem menos. Além disso, o porta-luvas duplo deu lugar a um só, simples e sem iluminação (pode ser trancado por chave, porém).



Além dos itens mencionados, a Frontier LE traz: para-sóis com iluminação nos dois espelhos, luzes de leitura dianteiras e central traseira, chave I-Key presencial, regulagem da luminosidade do quadro de instrumentos, abertura por botão da tampa do tanque de combustível, para-brisa com proteção ultravioleta, porta-revistas para quem vai atrás, temporizador nas luzes externas e de cortesia, limpador com função intermitente variável, desembaçador traseiro, retrovisores elétricos com rebatimento, vidros elétricos (só o motorista possui função um-toque para descer), faróis com acendimento automático e porta-copos junto às saídas de ar laterais, uma boa sacada para manter a refrigeração de bebidas.


Em termos de acabamento interno, a Frontier traz bancos de couro com costuras duplas e revestimentos de couro nas alavancas de câmbio e freio de mão, manopla do volante e portas. Já o forro de teto e as saídas de ar centrais são muito similares às da linha March e Versa. O painel tem superfície inteira de plástico rígido, que também reveste grande parte dos porta-objetos internos (já o porta-óculos central traz revestimento de carpete). Uma sacada louvável da Nissan é incluir de série o protetor tipo spray de caçamba, que permite que ela seja usada como... uma picape. Afinal, é motivo de indignação se pagar mais de R$ 180 mil nas concorrentes e levar a caçamba exposta na lata.


Falando na caçamba - que possui quatro fixadores corrediços C-Channel e tomada de 12 Volts na parte esquerda - a capacidade de carga é de 1050 quilos. Seu comprimento é de 1,52 metro, enquanto a altura da caçamba é de 47,3 cm, e a largura, de 1,56 metro. O estepe, que também tem roda de liga leve e pneu igual aos quatro que estão no chão, fica na parte de baixo da carroceria.



A Frontier mostra a que veio assim que se dá a partida (por botão). O ruído de motor visceral, que invade a cabine, é o completo oposto da Amarok, com sua pegada mais urbana. A picape oferece visibilidade muito boa por conta dos retrovisores grandes e maior altura em relação ao solo. O câmbio automático de 7 marchas torna mais tranquila a condução, e quando posto em modo sequencial, bipa quando o motorista faz uma troca que não é adequada. As mudanças são feitas na própria alavanca e são cômodas. A relação mais curta das primeiras marchas visa a diminuição do regime de rotações e a contenção do consumo de combustível. A assistência da direção é hidráulica, por ser considerada mais robusta do que a elétrica em um carro que precisa ser usado em todo tipo de terreno, e é bastante suave nas manobras.


Motorista e passageiro dianteiro viajam com conforto acima da média, graças aos bancos Zero Gravity (que estimulam a ficar em uma posição ergonômica), que incluem aquecimento em dois níveis (realmente esquenta bem, apesar de ser um recurso menos desejável do que o resfriamento dos bancos) e, para o motorista, ajustes elétricos, inclusive lombar. Quem senta atrás deve ter atenção com o porta-copos embutido na parte central do piso, e viaja em uma posição mais elevada para as pernas, enquanto a inclinação do banco é decente para viagens longas e a altura da cabine (87,4 cm) é boa mesmo para os mais altos. Debaixo do banco estão as ferramentas para trocar o pneu e um porta-objetos.


A estabilidade da Frontier também é um destaque. Fazendo curvas como se faria como um carro de passeio (a cerca de 90 km/h), ela não inclina em demasia - e para auxiliar nas mudanças bruscas de prumo, estão prontos para atuar os controles eletrônicos de tração e estabilidade. Porém, é preciso se estar ciente que picape tem limite, até mesmo na hora de varar uma lombada em velocidade alta (cerca de 30 km/h), pois a suspensão vai reclamar.



Com o motor 2.3 Biturbo Diesel, que rende 190 cavalos a 3750 rpm (mesma potência da geração anterior, que tinha motor 2.5) e torque de 45,9 kgfm de 1500 a 2500 rpm (0,1 kgfm a mais que antes, 500 rpm mais cedo), a Frontier mostra aceleração surpreendente para um carro de seu peso e porte (0 a 100 km/h em 12,5 segundos), e chega à velocidade máxima de 180 km/h. O segredo? A Nissan colocou a picape num regime de dieta, que eliminou 44 quilos do chassi, reduziu 94 quilos da carroceria e secou 38 kg de componentes diversos. Agora, ela registra 1985 quilos na balança.



O peso menor também favorece o consumo de combustível: nos testes de consumo do Inmetro, registrou 8,9 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada. Em nosso trajeto (algo como 30% estrada, 50% zona urbana e 20% no fora-de-estrada), registramos a boa marca de 12,4 km/l de diesel. E o tanque tem a capacidade de 80 litros, permitindo longas jornadas.



Ao apresentar pormenores técnicos da Frontier, a Nissan deu ênfase à multiplicidade de terrenos que uma picape precisa enfrentar. Daí vieram soluções interessantes como o limpador do filtro particulado de diesel (componente do escape que vem depois do catalisador) quando se enfrenta uso severo - fora-de-estrada intenso, uso em áreas de mineração e também na cidade, quando a temperatura ideal de funcionamento para o motor não é alcançada. Assim, basta apertar o botão na fileira esquerda para fazer a limpeza (outras picapes normalmente exigem que se leve o carro na concessionária ou pare de se submeter o carro ao uso severo). O motor tem acionamento por corrente, dispensando trocas. Vale mencionar que ele pode ser abastecido com diesel S10 ou S50, e está 10 quilos mais leve que o 2.5 anterior.



A suspensão foi um desafio para a engenharia da marca: segundo eles, as picapes rodam no Brasil cerca de 80% do tempo vazias, mas precisam dar conta quando carregadas com 1 tonelada. Para melhor conciliar conforto, resistência e estabilidade, a suspensão traseira do tipo five-link se complementa ao eixo rígido, enquanto a suspensão dianteira conta com braço duplo assistido por barra estabilizadora. Para-barros rígidos, gancho dianteiro para reboque e protetor do cárter, do tanque de combustível e do motor também ajudam na hora do fora-de-estrada.



Quando o quesito é o uso no fora-de-estrada, a Frontier faz bonito, a começar pelo ângulo de entrada de 31,6 graus, ângulo de saída de 27,2º e altura em relação ao solo de 29,2 centímetros, facilitando a transposição dos obstáculos. O seletor de tração alterna entre os modos 4x2 (tração traseira), 4x4 (quando se demanda força nas quatro rodas, e que agora pode ser acionado a até 100 km/h, ante 80 da geração anterior), e 4x4 com reduzida, que só pode ser acionada ou desativada ao por o câmbio em Neutro, e faz a Frontier ser capaz de transpor terrenos de alta dificuldade.


Na prova do Haras Tuiuti, fizemos desde testes de torção da carroceria e de inclinação da carroceria a descidas íngremes, onde o controlador automático de velocidade em descidas segura a onda. É um recurso muito interessante para inexperientes na lama, pois como o sistema considera o ângulo de inclinação, é determinada uma velocidade segura para cada descida, indo a no máximo 25 km/h. Acionando o botão no painel, não se pisa no freio nem no acelerador: basta controlar o volante. E se pra descer tem essa ajuda, pra subir não poderia ser diferente: mesmo parando em um morro, o assistente de partida em ladeiras segura a Frontier por 3 segundos, tempo suficiente para tirar o pé do freio e acelerar de forma tranquila. E detalhe: ele funciona com o câmbio no Drive ou de Ré. Nem foi preciso usá-lo, mas outro auxílio para o off-road disponível é o bloqueio eletrônico do diferencial traseiro com limitador, acionado por botão.



No quesito segurança, vimos que a Frontier se destaca nas assistências ativas, porém poderia ser mais completa para quando um acidente for inevitável: os airbags disponíveis são apenas os frontais (as rivais em geral trazem no mínimo os airbags laterais dianteiros) e - falta mais grave - quem senta no meio do banco de trás não conta nem com encosto de cabeça tampouco com cinto de três pontos. Os cintos dianteiros trazem ajuste de altura e o alarme vem de série. Já os freios ABS com EBD trazem o Brake Assist para auxiliar nas frenagens de pânico.


E quando o assunto é preço de compra e custo de manutenção, a Nissan dá uma cartada de mestre: para começar, a Frontier larga na frente ao ser de longe a picape média mais em conta do segmento, pelo preço de R$ 166.700. O único opcional está na pintura metálica (R$ 1550). Veja quanto custam as concorrentes (todas com tração 4x4 e motor turbodiesel):

Mitsubishi L200 Triton Sport - R$ 174 990
Chevrolet S10 High Country - R$ 175 990
Volkswagen Amarok Extreme - R$ 177 990
Ford Ranger Limited - R$ 185 190
Toyota Hilux SRX - R$ 189 970


Mas não é só isso: a Frontier terá preços de revisões fixos, com mão-de-obra inclusa: serão R$ 595 pagos na revisão de 10 mil km, R$ 1155 na de 20 mil km, novamente R$ 595 na revisão de 30 mil quilômetros, R$ 1155 na de 40 mil km, R$ 595 na revisão de 50 mil quilômetros e R$ 1155 na de 60 mil km. Serão, portanto, R$ 5250 em revisões (para a segunda concorrente com manutenção mais em conta, paga-se R$ 5406 no mesmo período).


E tem mais: a Frontier também é soberana quando o assunto é custo de peças de reposição em caso de colisões. O preço para trocar uma lanterna ou um retrovisor chega a ser metade do valor usual nessa categoria; aliás, o retrovisor é projetado para dobrar em caso de impacto violento para o lado contrário ao do rebatimento. O que assusta é saber que a cesta de colisão para a Amarok extrapola os R$ 100 mil, o dobro do valor da picape Nissan...


Quem quiser mais equipamentos poderá instalá-los nas concessionárias: estarão disponíveis itens como sensor de estacionamento dianteiro, capota marítima, ponteira de escape, alarme volumétrico, tapetes de carpete (o padrão é o de borracha), frisos laterais, protetor de caçamba, trava para estepe, soleiras para as portas, automatizador de vidros, barras transversais de teto e santantônio.


É bem verdade que o segmento de picapes médias no País lembra um pouco as torcidas de estádios de futebol: alguns só querem saber do modelo do coração e fim de papo. Tanto é que, quando circulou o vídeo por redes sociais que mostrava uma Frontier capotando no teste de torção dentro do Haras, muitos internautas ficaram com um pé atrás (seguramente é possível dizer que foi uma falha do motorista, que não só errou a trajetória da curva no início, como acelerou demais e tentou remediar com o freio quando o peso da carroceria mergulhou para a frente). Este episódio, portanto, não abala a competência da Nissan Frontier: dona de um pacote equilibrado entre design, equipamentos, motorização e chassi, ela tem de tudo para ser uma das picapes mais vendidas de nosso Brasil.



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