Fotos | Divulgação, Júlio Max, Rafael Susae e Paulo Konno
Com a interrupção temporária na produção da fábrica de Gravataí (RS), onde era fabricado juntamente com Onix e Prisma, o Chevrolet Celta sai de linha, após cerca de 15 anos de produção e 1,5 milhão de unidades vendidas. Aos poucos, o hatch de entrada da GM no Brasil perdeu o apelo em vendas (mesmo sendo vendido em pacote completo de equipamentos, a um preço mais elevado: R$ 31 990 nas autorizadas). Além disso, a chegada de compactos mais eficientes, seguros e atraentes lacrou de vez a sepultura do Celta. Apesar do fim da produção, continua sendo possível encontrar o Chevrolet nas concessionárias.
Fruto do projeto "Arara-Azul" iniciado em 1996, desenvolvido sobre a plataforma GM4200 (do Corsa 1994) e apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo em 2000, o Celta chegava apenas em carroceria duas-portas, despojado ao extremo - e ainda assim nunca conseguiu ser o carro mais barato à venda no Brasil, a despeito da racionalização da então nova fábrica de Gravataí (RS). O Celta concorria com Fiat Mille Smart, Palio Young, Gol Special e Ford Ka. Em meados de 2001, recebeu equipamentos como ar-condicionado e o pacote "Super", que incluía spoilers, pedaleiras esportivas, rodas de liga leve, ponteira de escape cromada e frisos nos para-choques e laterais.
Seu estilo, traçado pelo designer Paulo Konno, tinha boas referências: faróis, grade, vincos e frisos que lembravam o Vectra, e o recorte ondulado da porta foi inspirado no Tigra. Os vincos davam impressão de movimento à carroceria, mas a traseira tinha elementos que não combinavam (na visão de especialistas em design), como o vinco na tampa do porta-malas e as aberturas do para-choque de trás.
Mesmo "completo", o Celta era muito simples nos plásticos (as portas não contavam com qualquer revestimento interno) e cortes visíveis de custos: controles de vidros elétricos à frente da alavanca de câmbio (e o buraco da manivela tapado por um plástico), apenas uma luz de ré, encostos de cabeça dianteiros sem regulagem de altura, botão da buzina na haste esquerda do volante e lista de equipamentos pobre: ajuste de altura dos cintos de segurança da frente, 4 encostos de cabeça, imobilizador eletrônico, acendedor de cigarros com cinzeiro e preparação para som.
Em julho de 2002 vieram novidades. O motor 1.0 passava a se chamar VHC, recebendo taxa de compressão mais alta (12,6:1) e câmbio com relações mais curtas, melhorando significativamente o desempenho. Rendia 70 cavalos. Além disso, era lançada a versão 4 portas, que curiosamente mantinha as alavanquinhas para baixar os bancos da frente, por questões de custos. Além disso, a Super se tornou versão, agregando para-choques pintados, volante de três raios, quadro de instrumentos com conta-giros e para-brisa degradê.
Em 2003, chegou o motor 1.4 (uma adaptação do propulsor que equipava o Corsa GL em 1994), que lhe rendeu o sobrenome Energy. Rendia 85 cavalos e torque de 11,8 kgfm a 3000 rpm, sendo bem mais ágil que a versão 1.0 e com consumo de combustível parelho. Neste período, a linha ganhou detalhes azuis no painel, de gosto duvidoso.
Em 2004, ano em que foi líder de mercado no Brasil, a Chevrolet resolveu batizar as versões de toda a linha, e o Celta ficou assim com três opções: Life, Spirit e Super.
Em 2005, o modismo dos carros "aventureiros urbanos" estava em alta, contando com EcoSport, Fiesta Trail, CrossFox, Parati Crossover, Palio, Strada e Doblò Adventure... a Chevrolet resolveu, a exemplo da Montana, apresentar a versão Off-Road do Celta, que contava com o ostensivo (e perigoso) quebra-mato, rack de teto, protetores dos para-choques, borrachões laterais e faróis de neblina adaptados. O modelo durou cerca de um ano.
Outra novidade foi o motor 1.0 Flexpower, com potência mantida e torque ligeiramente maior com etanol (9,0 versus 8,8 kgfm).
No ano de 2006, o Celta passou por sua primeira reestilização, buscando inspiração frontal no então novo Vectra, lançado alguns meses antes. Os faróis ficavam bem maiores; grade e para-choques também davam mais ideia de robustez. As lanternas mantinham formato parecido mas ganhavam relevo; o vidro traseiro ficou menor (barateando os custos de produção), e a tampa do porta-malas passava a receber a placa (e o para-choque trazia sua iluminação). O projeto de renovação iniciou no final de 2002, com aprovação do modelo final em meados de 2004. No Salão de São Paulo em 2006, era apresentado o Prisma - a versão sedã do Celta - inicialmente em versões Joy e Maxx com motor 1.4 Econo.Flex, que rendia até 97 cavalos.
As mudanças maiores aconteceram no interior, que foi redesenhado: o volante de três raios, agora para toda a linha, acomodava a buzina; os painéis de porta e o console também foram atualizados, e a Chevrolet incorporou para toda a linha o quadro de instrumentos com quatro mostradores analógicos (temperatura da água do motor, conta-giros, velocímetro e nível de combustível) e a pequena tela de hodômetro, relógio e avisos como o "INSP". Em 2007, a versão 1.4 deixou de ser produzida, devido às baixas vendas e à ausência do sistema flex-fuel.
Na Argentina, o Celta foi importado como Suzuki Fun entre 2004 e 2011, na época em que a montadora japonesa era associada com a General Motors (no caminho inverso, o Suzuki Grand Vitara era comercializado como Chevrolet Tracker por aqui). Com a dissolução entre as duas, a GM passou a vender o modelo como Celta aos hermanos.
Em 2009, o motor 1.0 evoluiu para VHCE, ganhando potência (77 cavalos com gasolina e 78 cv com etanol) e torque (9,5/9,7 kgfm). O tanque de combustível também ficou maior (de 46 para 54 litros) e foram feitos ajustes para consumir (e poluir) menos. Naquele ano, este motor também foi aplicado ao Classic e ao Prisma.
Em fevereiro de 2011 chegava às lojas a linha 2012 do Celta, que recebeu nova grade, discretas alterações no para-choque dianteiro e lentes escurecidas nos faróis e lanternas. A pintura nos para-choques passou a vir de série. Internamente, o Celta recebeu novo volante com detalhes prateados, painel de instrumentos com iluminação "Ice Blue" e novos botões de ar-condicionado.
No crash-test realizado pelo Latin NCAP, divulgado em novembro de 2011, o Celta obteve mísera 1 estrela de proteção a adultos e 2 estrelas de proteção a crianças em cadeirinhas infantis (que se mostraram incompatíveis com os cintos), dispondo apenas de cintos de três pontos e barras de proteção nas portas como itens de segurança.
A linha 2014 do Celta incorporou airbags frontais (incorporando um volante "gorducho") e freios ABS, equipamentos de segurança que nunca antes o carrinho havia oferecido por questões de custos, mas por ser derivado do antigo Corsa, estes itens puderam ser adaptados.
Atualmente chamado de "Celta 5" em referência às quatro portas (além da tampa do porta-malas), em versão única (LT) e pelo preço de tabela de R$ 34 990, o modelo traz de série ar-condicionado, freios ABS, airbag duplo, direção hidráulica, vidros elétricos dianteiros (até hoje, seus botões estão localizados onde ficava o furo da manivela), travas elétricas (com travamento automático das portas ao atingir 15 km/h) e cinco opções de pintura (Branco Summit, Preto Global, Vermelho Pepper, Azul Sky e Prata Switchblade).
Ao longo do tempo, o Celta teve algumas séries especiais e carros-conceito: Spider (de 2000, ressaltava o design esportivo), Piquet (feito em maio de 2003 limitado a 30 unidades, em parceria com a Assolan e com o tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet, trazia cor amarela, quatro portas, rodas de liga-leve aro 13'', saias laterais, aerofólio e motor 1.0 VHC), Sampa (lançada em 2009, vindo com kit aerodinâmico, barras de teto, rodas de liga leve e adesivos nas portas dianteiras e na tampa do porta-malas), White (carro-conceito para o Salão de São Paulo em 2010), Effect (apresentado no Salão de São Paulo em 2012, com pintura em duas cores e personalização esportiva) e Advantage (de 2014, trazia rodas aro 14'' com calotas da Montana LS, cor única Cinza Sand, rádio com Bluetooth e nova padronagem dos bancos).
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Sem sucessor à vista, é possível que o Celta seja paliativamente substituído por uma versão mais simples do Onix, já que a versão LS incorporou itens como ar-condicionado e direção hidráulica (porém, colateralmente, ultrapassou a faixa dos R$ 40 mil). A médio prazo, é esperado um novo modelo que terá como base o Chevrolet Spark apresentado recentemente nos Estados Unidos, adaptado para o público brasileiro e que deverá competir diretamente com o Volkswagen up!.
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